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Otto Tesche: “De volta ao tempo dos lampiões”

Até o início da década de 1970 – em algumas áreas até um pouco mais tarde –, todas as tarefas durante a noite nas casas e em galpões eram feitas com a claridade (ou penumbra) de lampiões. Em alguns casos, com uma simples lamparina com querosene, em outros com um equipamento um pouco mais sofisticado, a gás. Meio século se passou e esta semana muitas famílias tiveram que procurar por alguma vela para não ficarem totalmente no escuro. Já para os demais equipamentos, como freezers, resfriadores e outros aparelhos, restou rezar para o fornecimento de energia elétrica retornar o mais breve possível.

Quando o assunto é temporais, fica impossível fazer algo para evitá-los, a não ser tomar medidas de precaução para reduzir o impacto nos locais que podem ser atingidos. E isso é algo que precisa ocorrer com antecedência. Infelizmente, muitas áreas, principalmente na zona rural, ainda enfrentam sérios problemas no fornecimento de energia e ficam na escuridão toda vez que o vento mexe com as folhas de alguma árvore, como se costuma dizer no interior. O mundo vive cada vez mais na era eletrônica, onde em tudo se depende da energia elétrica, mas uma boa parte da população convive com o risco de ficar sem abastecimento sempre que o vento sopra um pouco mais forte.

Não foi o caso desta semana, quando em muitos locais as árvores simplesmente foram ao chão e telhados voaram longe. Sem retorno da concessionária de energia, todos os dias nesta semana a Gazeta recebeu um grande número de contatos de pessoas de diferentes partes da região em busca de alguma resposta quanto ao retorno no abastecimento de energia elétrica. Imagina uma família do interior, onde é comum armazenar no freezer a carne e outros alimentos suficientes para diversos meses, ficar sob o risco de ter de jogar tudo fora. Ou com a estufa de tabaco com boa parte da colheita em processo de secagem e prestes a perder tudo por falta de energia elétrica. Ou então ter 100 ou bem mais litros de leite da ordenha das vacas no resfriador, aguardando pelo dia da passagem do caminhão para o recolhimento, e estar prestes a ver azedar-se o produto. Alguns certamente vão dizer que nesse caso o produtor deveria ter um gerador. Mas esse é um equipamento caro e aumenta ainda mais o custo da produção.

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As redes elétricas se estendem por diferentes tipos de terrenos, e um dos grandes problemas toda vez que ocorrem temporais é a vegetação próxima. Ou seja, para minimizar a possibilidade de danos, as áreas por onde passam as redes deveriam ficar livres de árvores próximas, haver podas, colocação de reforço nos fios ou investimentos em condutores subterrâneos. O trabalho preventivo é essencial, mas nem assim as redes estão livres de danos, pois, com vento forte, podem ser atingidas por diferentes objetos, como telhas, ou até mesmo haver a queda dos postes.

Mas o que a população quer e precisa é de respostas urgentes. É compreensível o desespero de uma família que está há três dias ou até uma semana ou mais sem energia elétrica e, para piorar, sem perspectiva de retorno. E depois de enfrentarmos um longo período de problemas com estiagem, nos últimos meses, tornaram-se mais frequentes os temporais e, em consequência, os prejuízos com a queda de energia. E, assim, avolumam-se as queixas quanto à prestação dos serviços das concessionárias no Estado.

Na região, nessa sexta-feira, 19, ainda havia muitas áreas sem energia elétrica desde o último domingo, 14. Os problemas se agravaram ainda mais com o temporal dessa terça, 16. Todos reconhecem que a concessionária não pode fazer todos os reparos ao mesmo tempo. Mas os usuários cobram maior eficiência, ações preventivas, estratégias para atender de forma mais rápida com equipes maiores e com treinamento toda vez que há a ocorrência de algum temporal, e menos burocracia.

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É difícil a população compreender como uma equipe vai a um local fazer o conserto na rede e deixa de realizar o serviço no vizinho alegando que não foi designada para tal, conforme relatos recebidos pela Gazeta nessa semana. Atualmente, a dependência é cada vez maior em relação à energia elétrica, tanto para os serviços essenciais quanto para o conforto dentro de casa. E o usuário que paga a conta todos os meses tem direito de ter a prestação de serviços com eficiência para não ficar no escuro por vários dias e sem respostas adequadas das concessionárias.

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otto_tesche

Repórter, editor e coordenador de conteúdo na empresa Gazeta do Sul. Trabalhou como correspondente na região do Vale do Rio Pardo na empresa Correio do Povo. Estudou Desenvolvimento Regional - Ênfase Sociocultural na instituição de ensino Unisc – Santa Cruz do Sul/RS. Estudou Jornalismo na instituição de ensino Unisinos – São Leopoldo/RS. Mora em Santa Cruz do Sul, mas é natural de Três De Maio, Rio Grande Do Sul, Brazil.

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