Jane Campion já havia feito história como a primeira mulher a ser indicada duas vezes para o Oscar de direção. A primeira foi por O Piano, nos anos 1990. Quase 30 anos depois, ela foi indicada de novo por Ataque dos Cães, e dessa vez levou. Sua revisão do gênero western e do machismo dos caubóis lhe valeu a cobiçada estatueta. Fez um belo discurso de agradecimento e Kevin Costner, que lhe entregou o prêmio, esteve inspirado, lembrando seu primeiro filme adulto, que ele viu quando tinha 7 anos. Era justamente um western, A Conquista do Oeste.
Em dois anos seguidos, as mulheres brilharam na festa da Academia. No ano passado, Chloé Zhao venceu nas categorias de direção e filme. Nos 94 anos do prêmio, foi apenas a terceira vez que uma mulher venceu como diretora – a primeira foi Kathryn Bigelow, com Guerra ao Terror.
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Mas Jane não ganhou também o prêmio de melhor filme. Foi para No Ritmo do Coração (Coda), uma surpresa. Will Smith foi melhor ator, por King Richard: Criando Campeãs. Fez um apaixonado agradecimento em defesa da família. Jessica Chastain foi a melhor atriz por Os Olhos de Tammy Faye. Foi política, defendeu a diversidade e o respeito de “ser quem somos”.
Havia a expectativa de que Drive My Car, do japonês Ryûsuke Hamaguchi, indicado para quatro categorias – as mesmas que Parasita, do sul-coreano Bong Joon-ho venceu há dois anos: melhor filme, melhor filme internacional, melhor direção e roteiro -, levasse as quatro estatuetas. Considerado por boa parte da crítica o melhor filme desta edição, Drive My Car venceu como melhor filme internacional, mas tropeçou logo na segunda indicação, perdendo o Oscar de roteiro adaptado – dos contos de Haruki Murakami – para No Ritmo do Coração, baseado no francês A Família Bélier.
A saga da família de surdos tocou os votantes da Academia de uma forma particular. Pouco antes, Troy Kotsur havia feito história como primeiro ator surdo a ganhar o Oscar de coadjuvante. Kotsur dedicou o prêmio à comunidade de deficientes, não apenas auditivos. “É o nosso momento!”, disse. Ainda viria o gran finale – melhor filme!
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O produtor da cerimônia de entrega do 94.º Oscar disse que, em busca da audiência perdida, a festa seria mais dinâmica, e cheia de música. Dito e feito. Beyoncé deu a partida, pontualmente às 21 horas – horário do Brasil -, cantando o tema de Criando Campeãs. Na sequência, veio o primeiro Oscar da noite, o de melhor atriz coadjuvante para Ariana DeBosie, na nova versão de West Side Story/Amor, Sublime Amor, por Steven Spielberg. Ariana repetiu a estatueta de Rita Moreno, presente na plateia. Agradeceu-lhe pela Anitta de 60 anos atrás, que foi inspiradora para ela e muitas mulheres negras, latinas.
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Para poupar tempo, a Academia outorgou oito prêmios antes que começasse a cerimônia televisionada. Duna, de Denis Villeneuve, levou quatro – som, design de produção, montagem e trilha. Receberia mais dois – fotografia e efeitos visuais. Nenhuma grande surpresa. Duna estava cotadíssimo para vencer nas categorias técnicas. Amy Schumer, uma das três apresentadoras, começou cutucando a própria Academia: “Somos três pelo preço que pagariam a um homem”. Sobrou para Nicole Kidman: “Foi indicada por fazer o papel de uma ícone da comédia, Lucille Ball, num filme que não tem uma risada”.
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Três princesas da Disney foram ao palco do Dolby Theatre para entregar a estatueta da melhor animação. Venceu a infantil Encanto, realmente encantadora, para fazer justiça ao título, mas havia uma animação adulta, e superior, que foi ignorada, a dinamarquesa Flee.
Na categoria curta de animação, a Academia ousou mais. Venceu o concorrente espanhol – The Windship Wider. O diretor destacou a importância da animação para espectadores adultos. Da animação para a live action, Cruella ficou com a estatueta de figurinos, tão extravagantes quanto belos. Para atrair o público jovem, a Academia promoveu uma votação em seu Twitter. Os cinco melhores filmes, não necessariamente do ano. Surpresa. Deu Zack Snyder na cabeça – Liga da Justiça.
Indicado sete vezes ao longo de sua carreira, Kenneth Branagh finalmente levantou seu Oscar, o de roteiro original, por Belfast, inspirado por suas experiências de menino na guerra da Irlanda. A Academia, por sinal, valeu-se de um letreiro para tomar partido na guerra que se trava na Ucrânia. “Stand With Ukraine!” O apoio deveria incluir fitas azuis em defesa dos refugiados, mas poucos as usaram – Jamie Lee Curtis, por exemplo. Francis Ford Coppola foi mais incisivo.
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A Academia prestou homenagem a vários filmes amados dos cinéfilos. Um deles foi O Poderoso Chefão, que completa 50 anos. Cercado por Al Pacino e Robert De Niro, Coppola agradeceu o apoio que recebeu, na época, do produtor Robert Evans, que bancou o projeto. Encerrou sua fala com um “Viva a Ucrânia!”
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Apresentado por Chris Rock, o prêmio de documentário foi para Summer of Soul, que resgata o festival de música afro que ocorreu em Nova York, simultaneamente a Woodstock, sendo ofuscado pelos três dias de sexo, drogas e rock’n’roll. Deu pugilato no Kodak Theatre. Rock fez piada com a cabeça raspada de Jada Pinckett-Smith, mulher do astro Will Smith. Jada fez cara de quem não gostou e Will não levou o desaforo para casa. Subiu ao palco e deu um tapa em Rock.
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