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Os riscos dos empréstimos de dinheiro

Tomar empréstimo para comprar algum bem de maior valor ou para pagar contas virou solução normal para muitos consumidores, forçados a “se virar nos 30”, num ambiente de preços cada vez mais altos, dinheiro curto e muita conta pendurada. Mas, mesmo pessoas com bom controle financeiro ou prudentes na hora de gastar dinheiro ou assumir um financiamento, podem enfrentar situações em que a necessidade de dinheiro é imediata. Pode ser um problema de saúde, a substituição de algum eletrodoméstico, o conserto do carro, entre outras causas, algumas com custos elevados, ou simplesmente para sobreviver.

O ideal seria que as pessoas tivessem alguma reserva financeira para enfrentar imprevistos, evitando complicações no orçamento. Na prática, isso raramente acontece, sob os mais diversos motivos ou desculpas, sendo a principal delas de que os ganhos seriam muito baixos, o que muitas vezes é verdade. A solução, então, é pegar dinheiro emprestado. O de acesso mais fácil é o cheque especial, mas que, em contrapartida, cobra alta taxa de juros. Nesta mesma facilidade, está o rotativo do cartão de crédito, com juros altos também.

Além de outras linhas de crédito, como empréstimos pessoais junto a bancos e financeiras, com taxas de juros um pouco menores que o cheque especial e o cartão de crédito, existe a possibilidade de pedir empréstimos a pessoas físicas – familiares, colegas, amigos etc. – o que muitas vezes acaba mal, com a perda do relacionamento ou do dinheiro – é mais provável a perda de ambos. Um cidadão comentava que, ao ser questionado por não emprestar um valor em dinheiro a um amigo, respondeu que, se a amizade dependesse daquele empréstimo, preferia não tê-la. 

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Para muitas pessoas que estão com o nome sujo e precisam de dinheiro rápido para alguma emergência, a saída é pedir empréstimo de agiotas. Por não seguir regras do mercado, pode ser um tipo de crédito fácil, com os agiotas até utilizando o Pix para agilizar a operação. Mas, existem motivos para as pessoas não apelarem a esse tipo de empréstimo:

  1. é crime contra a economia popular e contra o Sistema Financeiro Nacional;
  2. os juros são altíssimos, muito superior ao cobrado pelos bancos e instituições financeiras;
  3. os agiotas costumam pedir bens  – joias, veículos e até imóveis, dependendo do valor envolvido – como garantia de pagamento;
  4. não existe contrato ou regulamento;
  5. a origem do dinheiro do empréstimo pode ser ilegal, como roubo, corrupção ou lavagem de dinheiro;
  6. os métodos de cobrança muitas vezes são violentos, com ameaças e agressões às pessoas que tomaram os empréstimos.

Uma das modalidades de empréstimos pessoais em expansão é o crédito consignado. Caracteriza-se pelo desconto automático da prestação na folha de pagamento, aposentadoria ou pensão. Por contar com baixo índice de inadimplência e custo operacional menor, os juros cobrados são menores também, se comparados a outras linhas de crédito. Além de prazos dilatados e pouca burocracia na contratação, o empréstimo consignado se tornou uma das modalidades favoritas dos brasileiros. Contudo, o que era para ser um benefício, pode se tornar uma das principais formas de endividamento da população. Por isso, é preciso tomar muito cuidado na hora de contratar essa linha de crédito, conforme recomendações do presidente da DSOP Educação Financeira, Reinaldo Domingos:

  1. conhecer a real situação financeira pessoal ou familiar antes de tomar o crédito, fazendo um diagnóstico financeiro;
  2. cuidar para que os problemas financeiros não prejudiquem o desempenho profissional, o que pode acabar em demissão ou perda do negócio, ficando mais complicado atender aos compromissos financeiros sem nenhum salário ou renda;
  3. ter consciência da redução do salário ou renda por conta do débito das prestações, o que requer  ajuste do orçamento;
  4. é prudente utilizar o crédito consignado para quitar dívidas do cheque especial, cartão de crédito e financeiras, com juros mais altos, mas, mais importante é identificar a causa do verdadeiro problema do endividamento;
  5. evitar assumir empréstimos em favor de terceiros que, em caso de o favorecido não reembolsar o valor da parcela, na data do débito, pode se tornar prejudicial para todos.
  6. ficar atento à possibilidade da portabilidade do crédito, no caso de encontrar taxas de juros mais baixas.

A procura por dinheiro extra para resolver problemas urgentes fez surgir, no ambiente virtual, o “golpe do empréstimo consignado”, que, no ano passado, cresceu 250%. Com os frequentes vazamentos de dados, as pessoas estão sujeitas a golpes e tentativas de fraudes, principalmente através de serviços digitais, como o WhatsApp. Pesquisas mostram que os idosos  são as principais vítimas, não só de  golpistas, mas também de instituições financeiras com o marketing agressivo e até de familiares. Cabe, então, alertar a essas pessoas a dobrarem os cuidados ao pedir ou ter oferecido algum empréstimo.   

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Como se vê, há muitas alternativas para quem precisa de dinheiro, mas que exigem cuidados com os riscos envolvidos. Certamente, o crédito consignado pode ser a melhor opção para resolver alguma situação, desde que efetuada em estabelecimentos ou sites idôneos. Entretanto, mais importante é saber porque está se fazendo o empréstimo. Se for o caso,  revisar os hábitos de consumo, rever e organizar as finanças, reduzindo, substituindo ou eliminando gastos.

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Heloísa Corrêa

Heloisa Corrêa nasceu em 9 de junho de 1993, em Candelária, no Rio Grande do Sul. Tem formação técnica em magistério e graduação em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo. Trabalha em redações jornalísticas desde 2013, passando por cargos como estagiária, repórter e coordenadora de redação. Entre 2018 e 2019, teve experiência com Marketing de Conteúdo. Desde 2021, trabalha na Gazeta Grupo de Comunicações, com foco no Portal Gaz. Nessa unidade, desde fevereiro de 2023, atua como editora-executiva.

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