Em várias línguas antigas, a palavra Páscoa significa “passagem”. Assim, muito antes de ser considerada a festa cristã da ressurreição de Jesus Cristo, a Páscoa, para povos antigos, anunciava o fim do inverno e a chegada da primavera, ou seja, a passagem de um tempo de dificuldades para um período de abundância com as colheitas. Já a presença do ovo de Páscoa simboliza a vida pois muitas civilizações acreditavam que o mundo havia nascido de um ovo. E a origem da imagem do coelho, que não se reproduz por ovos, está na fertilidade que representa, pois gera grandes ninhadas. Existem mais símbolos da Páscoa, como o cordeiro, a cruz, o pão e vinho, entre outros.
Embora seja uma das festas religiosas mais celebradas no mundo cristão, os símbolos, rituais e verdadeiro significado da Páscoa parecem estar se perdendo, na medida em que crescem outros interesses pela data, como o comercial, o lazer, as viagens.
Para as crianças e adultos, também, a Páscoa é um dia de se deliciar com chocolates e doces, mesmo que, ingeridos em excesso, possam provocar ganho de peso e distúrbios gastrointestinais, principalmente em crianças de pouca idade.
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Para os lojistas, Páscoa significa um aumento de vendas. Para muitos estabelecimentos comerciais e industriais, inclusive artesanais, a Páscoa é o único ou o melhor período de faturamento do ano. As entidades empresariais projetam um crescimento nas vendas, por conta da Páscoa, por volta de 10% em relação ao ano passado. Infelizmente, é, também, a oportunidade para muitos comerciantes distraídos ou desonestos, aproveitando-se do maior movimento e da ansiedade dos consumidores, desrespeitarem normas legais e boas práticas comerciais como não armazenar as mercadorias adequadamente, burlar o peso, omitir a data de fabricação e validade dos produtos, não emitir nota ou cupom fiscal, além de outras ações ou omissões.
Os meliantes, por sua vez, nesses dias que antecedem a Páscoa, aproveitam o maior fluxo de pessoas nas lojas e calçadas para intensificarem suas ações maldosas, cabendo a consumidores e comerciantes ficarem mais atentos para evitarem serem vítimas de fraudes e roubos.
No feriadão da Páscoa, milhões de pessoas aproveitam para viajar; alguns para a Ilha de Páscoa, localizada no sul do Oceano Pacífico, famosa pelas enormes e misteriosas estátuas de pedra, os Moais, o que é muito legal, desde, é claro, que exista disponibilidade financeira para isso. Se a situação financeira não estiver tão folgada, ficar em casa e curtir a família é uma opção, evitando engarrafamentos, envolver-se em acidentes de trânsito, alguns com mortes, que acabam enlutando familiares, amigos, colegas, cidades, numa rotina bárbara que, infelizmente, está se tornando banal.
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Para muitos, a Páscoa é um sério risco para colocar alguns chocolates de dívidas no bolso ou pendurar no cartão de crédito. Basta entrar num supermercado para ver corredores, transformados em verdadeiros túneis ou até labirintos, cuidadosamente construídos com ovos e caixas de chocolate. Combinados com o delicioso aroma de chocolate, transformam-se em irresistível tentação para comprar. Por isso, antes de sair por aí e gastar com ovos de chocolate, muitos deles com brinquedos que os torna mais irresistíveis para as crianças, é bom saber que o preço médio aumentou 10% em relação ao ano passado, com o agravante de que os ovos menores foram reajustados em até 40%. Reinaldo Domingos, educador financeiro e criador da DSOP Educação Financeira, entre outras atividades, listou algumas recomendações: 1ª) fazer uma lista de quem quer presentear, estabelecendo valores; 2ª) verificar quanto dinheiro tem disponível para a finalidade, sem comprometer gastos do mês e dos meses seguintes; 3ª) se precisar parcelar, pensar antes se vale a pena endividar-se por causa de uma data comemorativa; 4ª) evitar entrar no limite do no cheque especial ou exagerar no cartão de crédito porque, no caso de não conseguir repor o limite ou pagar a fatura, no vencimento, o custo dos juros é na base de 10% ao mês; 5ª) antes de comprar, pesquisar na internet, em lojas, panfletos , publicidade e também fornecedores caseiros, que nesses eventos costumam oferecer seus produtos, muitas vezes com preços mais em conta.
Para alguns, Páscoa é um tempo de reflexão e reverência pela paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Para outros, é apenas um feriadão, com viagens, muitas festas ou, simplesmente, ficar em casa. Há, ainda, quem consiga conciliar o lado espiritual ou religioso e o mundano. Pode ser a data para praticar o consumo mais consciente, não desperdiçando alimentos, evitando excessos de consumo e mostrando às crianças o impacto das escolhas na saúde, na natureza e nas finanças da família. Explicar para a criança que o importante não é o tamanho do ovo, mas que ele representa o amor que se tem por ela. Por isso, Páscoa não deve ser sinônimo de dívida; é oportuno aplicar a educação financeira, fazendo um planejamento do que é possível comprar e pesquisar os melhores preços e condições. O ideal é viver e compartilhar o significado essencial da Páscoa – o renascimento -, de acordo com as convicções e condições financeiras de cada um.
Boa e feliz Páscoa!
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