A enchente que assola boa parte do Rio Grande do Sul, e que afetara diretamente o Vale do Rio Pardo e as regiões vizinhas, como o Vale do Taquari e o Vale do Jacuí Centro, deixa atrás de si um rastro de destruição que exigirá de todos, dos organismos públicos e da esfera privada, muita resiliência e esforço gigantesco para a reparação. Só no Vale do Rio Pardo, são inúmeras frentes que, em simultâneo, dificultam o restabelecimento de rotina em comunidade.
São muitos dramas: a necessidade de reconstruir Sinimbu; estradas tornadas intransitáveis e infraestrutura destruída em energia elétrica, telefonia, internet e abastecimento de água em localidades de todos os municípios; o drama do trânsito inviabilizado na RSC-287 para conexão com Candelária e as demais localidades para além do Rio Pardo, a partir da queda da cabeceira de ponte sobre esse curso d’água; a necessidade da reconstrução de quilômetros do pavimento da própria RSC-287 nas imediações de Mariante; os pouco confiáveis caminhos alternativos na região para ter acesso ao lado de lá do Rio Pardo, por estradas nas quais motoristas colocam em risco a própria vida; o perigo, latente, de deslizamentos no contexto do Cinturão Verde de Santa Cruz do Sul, ameaça silenciosa e intermitente, que pode se manifestar a qualquer hora ou ocasião, e não necessariamente em épocas de chuvas; o igualmente constante receio de que a água se eleve no Bairro Várzea, em Santa Cruz, bem como se verifica ao longo de outros rios e arroios em toda a região.
São muitos os temas e muitas as demandas que vão exigir estudos e mapeamentos, e de imediato. Por um lado, a sociedade segue (e seguirá por semanas) envolvida em mutirão gigantesco para dar a devida atenção, com acolhimento e subsistência, aos que foram desalojados pela enchente, e que precisam de medidas práticas para restabelecer suas vidas em uma casa sua, com a estrutura que é de seu direito, enquanto cidadãos. Por outro, é hora de dar os primeiros passos para, em futura chuvarada, não mais passar por nada parecido.
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Há um ditado que diz que pisar num prego uma vez é até compreensível e admissível; mas pisar no mesmo prego duas vezes denotaria descuido, falta de memória e até insensatez. Em igual medida, ser atingido ou ser pego desprevenido, em áreas e situações de risco, por catástrofe do porte de que foi essa enchente novamente é desculpável, pelo imponderável, uma vez que as gerações contemporâneas nunca haviam vivido algo semelhante. Porém, ser atingido por ela uma segunda vez, nos mesmos lugares e em iguais condições, significaria que a sociedade, por soberba ou inconsequência, não teria aprendido nada com essa dura lição.
Dramas com a intensidade do que estamos vivendo, coletivamente, só podem ser superados com lucidez, espírito crítico, tomada de decisão e iniciativa prática para efetivamente mudar o curso das coisas. Boa leitura, e bom final de semana.
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