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Direto da redação

Os irmãos da Ágatha

Leitores andam me cobrando crônicas sobre os irmãos da Ágatha, para quebrar o monopólio da nossa caçula nos dias em que ocupo este espaço. Primeiro, pediram para eu priorizar os causos da Ágatha, deixando de lado minhas filosofias e devaneios. Agora, querem que eu escreva também sobre os irmãos dela – mantendo de fora minhas filosofias e devaneios. Pois bem, que seja.

Porém, sobre o irmão mais velho da Ágatha não posso escrever, pelo menos nos próximos cinco ou seis anos, ou seja lá quanto tempo dure a adolescência hoje em dia. Escrever causos expondo um adolescente é abrir a caixa de Pandora, pode  gerar revolta, raiva e outras consequência terríveis lá em casa. Nem o nome e a idade dele vou revelar. 

Aliás, é estranho como a adolescência tem chegado mais cedo nesta geração. Nos pegou desprevenidos. Creio que o acesso a um volume imenso de informação, que circula em alta velocidade pelos dispositivos tecnológicos, tem feito a garotada avançar mais rápido pelas etapas da infância e… opa. Nada de devaneios.

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* * *

Já falei neste espaço da Isadora, a mais velha das gurias. Do dilema que ela enfrenta em relação à futura profissão. Ela adora os animais tanto, mas tanto, que não poderá ser veterinária – pois não conseguirá devolver os bichos aos donos após o tratamento. 

Mas escrevi realmente pouco sobre a Yasmin. Quem nos conhece pode até imaginar que ela não seria uma grande geradora de causos por conta de seu jeitinho quieto, discreto, tímido, meigo. Ledo engano. Essa suposta timidez é a máscara que ela mantém na rua e na escola. Dentro de casa, agita um bocado. 

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Como toda menina de 6 anos, Yasmin gosta de cantar e dançar. Mas exige plateia qualificada, atenta e respeitosa em suas apresentações, geralmente realizadas na sala. Cochichos não são tolerados, tampouco mexer no celular. O espectador desrespeitoso é duramente censurado, na frente do público, a música é recolocada desde o início e a apresentação recomeça do zero.

Ontem houve balé depois do almoço. Fazendo pose de artista, com uns óculos escuros que lhe cobriam todo o rosto e um colar que, nela, descia até a cintura, Yasmin intimou, digo, convidou para o espetáculo. Estávamos no corre-corre que sempre acompanha o início da tarde, mas sentamos obedientemente para assistir. Quando começou a tocar O Lago dos Cisnes, espiei o relógio. “Se ficar só no primeiro ato, chego a tempo no trabalho”, pensei. 

A apresentação começou com um adágio, que logo evoluiu para um allegro com uns saltos cabriole e tour en l’air. Traduzindo: Yasmin começou lenta, mas logo passou a girar, a dar saltos e rodopiar no ar, a subir no sofá, a pular de um sofá para o outro, sempre dançando. Ao final, houve um silêncio boquiaberto, quebrado pela Ágatha: “Estamos sem palavras…” E então a plateia explodiu em palmas.

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