Outro dia, estava assistindo à sessão da CCJ da Câmara dos Deputados. Imaginei o ambiente sendo uma grande sala de aula. O Presidente da Comissão era o professor.
Vamos recuar um pouco no tempo e lembrar-nos de como os alunos se perfilavam em sala de aula. Nas primeiras filas, sentavam aqueles considerados crentes pelos demais colegas. Não perdiam um detalhe da explicação do professor. Normalmente recebiam as melhores notas nas avaliações. Os bagunceiros sentavam nas últimas filas. Soltavam piada, atiravam papéis nos colegas da frente, não prestavam atenção na aula e consequentemente, tiravam as piores notas no boletim.
Em se tratando do Congresso Nacional, o povo brasileiro merecia mais respeito de alguns parlamentares. Estão discutindo temas importantes para o futuro do País.
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Aliás, a reforma da Previdência é de extrema importância. Acredito na equipe econômica e nos técnicos envolvidos nas mudanças, que urgem para resolver esse problema que está corroendo os cofres públicos.
Ao invés de investir na saúde, segurança e educação, o governo paga milhões para tapar o rombo previdenciário e, se continuar nessa progressão descomunal, futuramente não pagará mais os aposentados. Já assistimos a esse filme aqui no nosso Estado e no Rio de Janeiro.
Retornando à sessão da CCJ. Fiquei pasmo com o que assisti. Os piores alunos sentam nas primeiras filas. Ficam atrapalhando o desenvolvimento dos trabalhos. O professor fica desesperado com a falta de educação dos bagunceiros. As alunas, que outrora eram comportadas em sala de aula, hoje são indisciplinadas. Cortam a palavra dos outros. Falam todas de uma vez só. Gritam, querem discordar de tudo e de todos. O professor tenta colocar ordem na bagunça. Ameaça cortar o microfone se continuarem a gritar. Pedem “questão de ordem”, mas cada vez mais causam desordem.
Sinceramente, tive pena do professor. Não tem mais autonomia para expulsá-los da sala de aula e mandá-los acertar as contas com o diretor. As leis “dos direitos dos alunos” asseguram a impunidade da turma. Queriam ganhar no grito.
Fiz essa analogia, pensando no quanto o sistema está atrelado a esses regimentos internos das Câmaras. A oposição está imbuída em trancar a pauta interna da Câmara. Quanto mais demorar, mais poderão ficar dando discursos vazios e iludindo o povo humilde para não aceitar qualquer reforma na Previdência.
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A base da pirâmide, que recebe os menores salários, não consegue fazer pressão no Congresso, exceto a dos ruralistas. Aqueles que recebem os maiores salários e que são a minoria, têm corporações bem organizadas em Brasília e convivem perto do poder, praticam um lobby intenso nos ouvidos dos deputados e senadores.
Diferentes ideias são normais. Mas a bagunça, não.
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