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Os fatores que incidem na alta na cesta básica

As famílias gaúchas vêm sentindo no bolso o impacto do aumento de itens da cesta básica. Leite, arroz, feijão e óleo de soja são produtos inflacionados nas prateleiras dos supermercados. Combinado a isso, há uma nova alta no preço de pauta do ICMS da gasolina e do diesel previstos para a próxima semana, o que afeta toda a cadeia produtiva com os custos de produção, transporte e armazenamento. Do campo à mesa, o efeito cascata atinge em cheio o consumidor.

De forma geral, o dólar aquecido favorece as exportações e reduz a oferta interna de alimentos. Por outro lado, as importações encareceram, o que prejudica a produção no caso de necessidade de insumos de outros países. “Outro fator é o aumento da demanda. Com a pandemia, há mais pessoas fazendo as refeições em casa. Ainda existe a questão da entressafra, o que gera escassez de determinados produtos”, explica o economista Silvio Cezar Arend. O auxílio emergencial para as classes D e E também elevou o consumo.

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Leite impulsiona reajuste dos derivados

No caso do leite, de acordo com o Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Rio Grande do Sul (Sindilat/ RS), o mercado definidor de preços é São Paulo. Como houve aumento por lá, por causa da baixa produção no inverno, o reflexo se espalhou pelo Brasil. O mercado internacional também interfere, conforme a balança de importações e exportações. Os lácteos em geral são afetados, como queijo, manteiga e iogurte. A muçarela, por exemplo, é um queijo de commodity, exportado em maior volume com o dólar alto.

A garrafa do óleo de soja chega a R$ 7,00 e com tendência de aumento. Em Porto Alegre, a elevação no ano é de 16%, enquanto chega a 28% no acumulado de 12 meses. A saca da soja disparou, favorecida pelo câmbio, e há forte demanda interna e externa, principalmente na China. As incertezas em relação à safra dos Estados Unidos por influência do clima também interferem no preço. Como a soja é utilizada na alimentação animal, o quilo da carne sobe como consequência.

A explicação para a alta no arroz é idêntica. O pedido de retirada da taxa para importação do arroz de fora dos países do Mercosul ficou enfraquecido com a garantia de que não há risco de desabastecimento no Brasil. No caso do feijão, a colheita da terceira safra em agosto registrou aumento de 13,4%. Porém, as cotações subiram 50% em relação ao ano passado, em razão da alta demanda e problemas produtivos por influência do clima nas safras anteriores.

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Preço do feijão dispara

Segundo a economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Daniela Sandi, o item com maior aumento no ano e em 12 meses foi o feijão, com alta de 42% em 2020 e de 35% em 12 meses. Além dele, o leite, a carne, o óleo de soja e o arroz também registraram elevação expressiva de preços e fazem parte do consumo do dia a dia do brasileiro.

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trigo e açúcar, também tiveram elevação importante nos últimos meses. “A queda na variação mensal (conjunto da cesta) é muito puxada pelos produtos in natura, que são mais voláteis (altas e quedas maiores), têm grande influência do clima, safra e ciclos de produção mais curtos”, esclarece.

Enquanto em 12 meses a inflação (INPC/IBGE) foi de 2,69%, a cesta básica em Porto Alegre subiu 12,67%. No ano, a alta foi de 4,41%. Conforme o Dieese, o valor da cesta básica na Capital em agosto foi de R$ 528,61, com um tempo de trabalho estimado em 111 horas e 17 minutos para obter o valor.

Presidente do Sindigêneros Vales do Rio Pardo e Taquari, Celso Müller aponta a pandemia como principal fator de alta dos preços na região. “A tendência é de aumentar ainda mais. O consumo aumentou, mas as indústrias estão com dificuldades, com redução de funcionários. Não estão entregando as unidades do pedido. Sempre há menos na entrega”, revela.

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Compare – Índices de agosto pelo Dieese (Porto Alegre)

Alta
Tomate: 21,33%
Óleo de soja: 21,15%
Arroz: 17,91%
Feijão: 5%
Leite: 4,77%
Manteiga: 3,21%

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Baixa
Batata: -9,86%
Açúcar: -1,89%
Farinha de trigo: -1,35%
Carne: -0,55%

Causas do aumente, segundo o Dieese

-Aumento da demanda externa, principalmente da China.

-Aumento das exportações de grãos e proteínas (soja, arroz, carnes, etc.). A exportação do agronegócio é recorde no ano até julho, alcançando US$ 61, 2 bilhões (cresceu 17% em quantidade e 9% em faturamento). Os principais produtos exportados de janeiro a julho foram soja, carne bovina, celulose e açúcar.

-Oferta restrita de alguns itens em razão de entressafra, clima e aumento das exportações.

-O dólar aumentou 40% nos últimos 12 meses. Isso também pode ter trazido impactos nos preços dos insumos de produção.

-Demanda firme por produtos alimentícios do lar em razão da quarentena. As refeições em casa aumentaram por causa do isolamento social, e as crianças também não estão indo para a escola.

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