A duração do tempo é igual para todos, mas cada um vive a passagem de uma forma bem particular. Já estamos em junho e poucos dias nos separam do final da primeira metade do ano. Como escrevi em outra coluna, é preciso valorizar cada momento do jeito possível, seja expandindo as alegrias quando viável, seja contendo os entusiasmos quando isso se impõe.
Junho é o sexto mês do calendário gregoriano, este promulgado pelo papa Gregório III em 1582, substituindo o calendário juliano, que vinha de Júlio César desde 46 a.C. O nome se vincula a Juno, esposa de Júpiter, deusa poderosa no panteão (templo dedicado a todos os deuses) romano. Juno era a guardiã do casamento, da família, do parto. Era a protetora das mulheres. Interessante lembrar que um antigo calendário romano contava com apenas 10 meses, começando com março. Junho era o quarto mês do ano, setembro era o sétimo (do latim septem), outubro, o oitavo (de octo), novembro (novem) e dezembro (decem).
Dito isso, vamos ao tema anunciado no título. Em junho, termina a mais bela estação do ano, o outono. Cada uma das quatro tem seus adeptos, mas nenhuma exibe tanta luz, luz suave, serena, aconchegante. Os entardeceres, que neste ano mereceram inúmeras postagens nas redes sociais, são imbatíveis. “A luz do sol tinha a cor e a doçura do mel”, escreve Érico Veríssimo no capítulo inicial do romance O resto é silêncio. Em geral, a temperatura é amena, ora se despedindo dos calores do verão, ora prenunciando os gélidos ventos do minuano e as brancas paisagens da invernia.
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Sábia como é, a natureza vai se recolhendo para repousar. Os campos e pomares, com seus frutos maduros e generosos, já cumpriram sua missão. O espetáculo sem pressa das extremosas, dos plátanos, tonalizando lentamente suas folhas, é de uma ternura ímpar. Aquele amarelo de ouro envelhecido, aquele vermelho enferrujado das folhas que atapetam nossos caminhos às vezes nos propiciam até mais do que merecemos. As mesmas árvores que, com flores e sombras, ornamentaram nosso verão, agora, despidas, nos lembram o tempo de nos recolher, de refletir, de olhar para dentro de nós mesmos.
Junho é o mês dos santos populares: Santo Antônio, São João, São Pedro e São Paulo. Ao primeiro cabe resolver os amores teimosos, dar corpo aos sonhos travados, transformar contidas e quase perdidas esperanças em felicidade para sempre. E quem já tem seus projetos concretizados, festeja o amor com os transitórios ou eternos namorados, recuperando um clima romântico quase esquecido no fundo do baú.
São João põe o povo na rua, convidando para uma alegria simples, comunitária, fraterna. “Era noite de São João/ eu saía com meu irmão/ de bigode de rolha/ e chapéu novo em folha/ brim coringa e alparcata”, cantam Kleiton e Kledir. Festa bonita esta de São João: brincadeiras, danças, bandeirinhas de celofane, pipoca, quentão, saltar fogueira, vestir simples e praticamente ninguém fazendo questão de exibir seus luxos e suas diferenças.
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Quase não sobrou espaço para São Pedro, o que tem as chaves do céu, o que protege o Rio Grande, o Pedro que foi designado pedra angular, parceiro inseparável de Paulo, dupla que nos deixou mensagens de vida eterna.
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