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ARTE

Os encantos do circo ainda atraem multidões para assistir aos espetáculos

Foto: Bruno Pedry

Trapezistas encantaram e trouxeram ao público de Santa Cruz do Sul uma série de emoções durante a execução dos números

Entre 20 de janeiro e o último domingo, 12, o Parque da Oktoberfest foi sede temporária do Circo Fantástico. A estrutura chamou a atenção devido à grandiosidade e também pelos diversos números executados pelos artistas no picadeiro, que encantaram sobretudo as crianças. A Gazeta do Sul teve acesso aos bastidores para entender a rotina de todos os envolvidos e como a arte circense se desenvolveu ao longo das últimas décadas.

Filha de artistas circenses, a proprietária do Circo Fantástico, Mônica Ribas, viveu os 49 anos viajando por cidades de diversos estados brasileiros. Ela diz que, para quem vê de fora, pode parecer uma vida difícil, tendo em vista as constantes mudanças, mas garante que tudo é encarado com tranquilidade pelos integrantes. “Se para alguns o normal é ficar no mesmo lugar durante 11 meses e depois viajar de férias por um mês, para nós é o oposto. Viajamos durante 11 meses para passar o Natal e o Ano-Novo em casa.”

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Também não há transtornos no dia a dia. “Tem horário para as refeições, os nossos filhos vão para a escola, retornam, no meio disso tudo tem os ensaios e espetáculos”, explica. Mônica afirma que os cerca de 50 componentes da equipe do circo – artistas, vendedores e responsáveis pela limpeza, alimentação e manutenção, entre outros – se veem como uma família. “Temos três bebês que nasceram aqui e viajam junto com o circo, eles vão crescer conosco nesse ambiente.”

Apesar da enorme quantidade de equipamentos em toda a infraestrutura do circo, a proprietária ressalta que a desmontagem em um local e a montagem em outro ocorrem de forma muito rápida. Após o último espetáculo em Santa Cruz, na noite de domingo, o grupo seguiu para Venâncio Aires, de modo que tudo precisa estar pronto na Capital do Chimarrão até esta quinta-feira, 16, para as vistorias da Prefeitura e do Corpo de Bombeiros. “O complicado é a estrada. Fizemos viagens de 1,3 mil quilômetros sem nenhum problema, enquanto em deslocamentos curtos já tivemos transtornos que acabaram atrasando tudo.”

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Ao comentar o período de permanência, Mônica salienta que depende do tamanho da cidade e também do retorno da comunidade. “Em cidades de porte médio como Santa Cruz, nós costumamos ficar um mês, mas aqui vou encerrar uma semana antes.” Segundo ela, o município tem uma peculiaridade em relação ao padrão. “Aqui o movimento é intenso no meio da semana e cai aos fins de semana, contrariando o normal.” Afirma ainda que esperava um público maior, mas está satisfeita com os resultados obtidos nessas três semanas.

O espetáculo ao vivo é incomparável, diz proprietária

Com quase cinco décadas de experiência, Mônica Ribas viu o circo evoluir e enfrentar novos desafios. Se em tempos antigos a chegada era uma atração e movimentava a cidade, hoje isso já não ocorre mais. Além de tudo, há a concorrência com inúmeras formas de entretenimento proporcionadas pela televisão e internet. Mesmo diante de tudo isso, a proprietária afirma que o espetáculo ao vivo é incomparável e faz parte da essência do circo provocar variados sentimentos e sensações na plateia.

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“Às vezes você já conhece a piada, mas ela é mais engraçada aqui dentro. Quando o trapezista está saltando tem toda aquela apreensão, isso é raro hoje em dia, sentir as dificuldades e toda a adrenalina envolvida nos números.” Com isso, revela que é muito comum encontrar pais que chegam estressados para acompanhar os filhos e, no fim do espetáculo, estão com um humor muito melhor do que na chegada. “É perceptível a necessidade que as pessoas têm de vivenciar isso, e elas não têm noção do quanto precisam.”

“É preciso mostrar o circo para as novas gerações”

Com 53 anos de idade e 33 de atuação vivendo o Palhaço Maxixinho, o artista Carlos Antônio Rodrigues diz que o circo ainda tem um público fiel, mas a concorrência com outras formas de entretenimento é muito maior do que era antigamente. “Hoje em dia a molecada só quer saber de celular, tablet, internet. Aqueles que os pais levavam ao circo quando crianças ainda vêm, mas do contrário é uma tradição que se perde com o tempo.” Ele diz que os que tinham esse costume na infância continuam frequentando mesmo depois de adultos.

Palhaço frisa que é necessário manter viva a tradição circense e passá-la aos mais jovens | Foto: Bruno Pedry

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Para o artista, apesar de desafiadora, a rotina recompensa devido às oportunidades de conhecer novos lugares e novas pessoas o tempo todo. “Teve gente que saiu do circo e não se adaptou à vida parada na cidade, enquanto muitos estão de fora e querem entrar.” Natural de Mossoró, no Rio Grande do Norte, Rodrigues conhece 25 dos 27 estados brasileiros, além de milhares de cidades. “Só não fui ao Oiapoque e ao Chuí, mas o resto a gente conhece bastante.”

Em Santa Cruz do Sul é a segunda vez, já haviam passado pelo município em 2015. O palhaço Maxixinho diz que o público santa-cruzense é muito bom, assim como o gaúcho de maneira geral. “Os descendentes de alemães são meio trancados e desconfiados de início, mas depois que pega amizade é uma maravilha.”

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