Futebol e automobilismo – com ênfase para a Fórmula 1 e a Stock Car – são meus esportes preferidos há muito tempo. No primeiro caso, trata-se de uma consequência natural da famosa “preferência nacional”. Desde piá somos presenteados com os mais variados uniformes do time de coração de nosso pai ou padrinhos ainda na maternidade, logo após o nascimento. Com o passar do tempo, um ritual é alimentado de forma inconsciente que inclui idas ao estádio, matrícula em escolinhas de futebol e participação em torneios na escola ou com pequenos amigos do cotidiano.
O automobilismo é um esporte recente para a minha geração de sessentões. Essa paixão foi forjada lá atrás, há muitos anos, por nomes como José Carlos Pace e Emerson Fittipaldi. Eram rostos que forravam as paredes do quarto ao lado de pôsteres do Inter, destacados das páginas da revista Placar. Fittipaldi – que foi campeão mundial –, ao lado do irmão Wilsinho, idealizou um carro de Fórmula 1 genuinamente brasileiro, conhecido como Coopersucar, devido ao patrocínio. Apesar do apelo popular embalado pela onda de patriotismo tão comum no esporte, a ideia não logrou êxito nas pistas.
Faço este preâmbulo para revelar outra admiração, consequência de décadas de audiência: são os narradores – ou locutores – que, durante seguidas horas, sustentam uma transmissão ao vivo pelo rádio e tevê. No domingo passado, assisti a parte do Grande Prêmio da Itália pela TV Bandeirantes e outro tanto ouvi pelo rádio porque estava em deslocamento.
A criatividade e o volume de informações necessárias para manter a transmissão “de pé” são desafios incríveis. Não basta despejar uma infinidade de números, cifras, dados históricos, datas. É preciso coerência para sistematizar tudo isso com o que acontece na pista e dentro do campo. Afinal, na era da tecnologia onipresente, o público acompanha através de imagem em tempo real, flagrando inconsistências.
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Esse equilíbrio no microfone desperta a mesma admiração que cultivo pelas pessoas que, mesmo enfrentando dramas familiares, mantêm a fleugma. Isso é uma cena comum no ambiente profissional. Ali, onde muitas vezes convivemos por longos períodos com pessoas conhecidas, encontramos colegas que jamais demonstram as consequências das mazelas do cotidiano que enfrentam muitas vezes dentro de casa. Elas se mantêm serenas, focadas, “arquivando” as agruras.
Assim como os narradores que emprestam emoção às transmissões, esses equilibristas da vida não congelam suas frustrações e tristezas, poupando quem está por perto. Quase sempre são pessoas apaziguadoras e solícitas, que fomentam o diálogo, a paz, a convergência. São verdadeiros narradores da vida que nos ensinam todos os dias a conviver em paz.
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