Lorenzo Gasparini também é pequeno. Com apenas 3 anos e alguns meses, já tem 15 seguidores e é ele quem dá início à lição daquele dia. Ao se apropriar de uma escova de dentes no saguão da Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Vila Nova, de Santa Cruz, sua postura perante os demais foi semelhante a de um chefe de Estado com o poder nas mãos.
“Eu já sou grande”, diz, ao se aproximar do jacaré antes de todo mundo e simular uma escovação com explicação simultânea e detalhada no bichinho. “É assim, ó”, inicia ele. “Primeiro tem que abrir bem a boca do Juca. Os dentes de cima vocês escovam assim, os que ficam embaixo assim e passem a escova na língua também”, explica, com coordenação precisa nos movimentos.
Quem o auxilia na atividade é sua assistente de mentirinha, Valentina Machado, de 4 anos. “Valentina, segura a boca assim, ó”, orienta. O fantoche feito de material reciclável, e utilizado por Lorenzo, tem despertado a garotada para duas lições: a de que é possível reaproveitar objetos que iriam para o lixo e estimular para a escovação correta. Lorenzo é prova disso. “Se eu sei escovar meus dentes sozinho, é claro que vou saber fazer isso no jacaré, né, Valentina”, esclarece o menino.
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Leitura de mão em mão
Outra atividade realizada na Emei Vila Nova foi proporcionar aos pequenos o contato com os livros. Com os dizeres “É hora de ler com a maloteca”, uma mala gigante e colorida recheada de livros infantis percorre todas as turmas da instituição (foto). Com os materiais, os educadores fazem contação de histórias e as crianças podem desenhar e folhear livros e revistas. Uma maleta menor faz rodízio nas famílias. As crianças levam para casa para estimular que seus pais leiam histórias para eles. A instituição atende 87 crianças.
Projeto envolve instituição desde o início do ano
A oficina protagonizada por Lorenzo a seus colegas faz parte do projeto Vivendo Valores, que trata da saúde bucal e de educação ambiental e que envolveu toda a instituição desde o início do ano. Orientados pela professora Cibele Nunes Kappke, outra iniciativa é o cultivo de uma plantinha, em que cada aluno cuida da sua. “Este é um pé de feijão, que agora cresceu, mas antes era uma semente. A gente pegou terra, botou a sementinha dentro e colocamos água quando precisa”, conta Manuela Eichstadt, de 4 anos.
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Ao presenciar a cena, Lorenzo, o menino falante e líder natural da turminha, lembra que alguns colegas confeccionaram cartazes a partir da história João e o Pé de Feijão. “Tio, olha que coloridos que ficaram”, mostra o garoto. A proposta da iniciativa envolve ainda o cuidado com o pátio e o cultivo de flores. Há uma jardineira em forma de centopeia, pintada pelas crianças.
Essas atividades têm proporcionado bons resultados, conforme a diretora Marlouve Bes Kowalczuk. “Aqui é a base da educação e da formação de um ser humano. Precisamos ressaltar a importância dos valores para que sejam adolescentes e adultos melhores.” Outra ação é a socialização entre gerações. A ideia, segundo a vice-diretora Mara Zanette, é proporcionar momentos de convivência entre crianças e idosos.
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