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BASTIDORES

Os detalhes da operação que livrou um suspeito de ser morto pela facção

Foto: Bruno Pedry

Com uma fala forte, tecendo duras críticas ao réu, a quem chamou de “tarado sem-vergonha, egoísta, egocêntrico e sádico”, o delegado regional Luciano Menezes chamou a atenção no julgamento de Jair Menezes Rosa na última sexta-feira, no Fórum de Santa Cruz do Sul. Além de detalhar a operação traçada pela Polícia Civil para prender o acusado em 2018, Menezes revelou uma história dos bastidores que até então não havia sido divulgada.

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Poucos dias antes de confirmar, a partir de um exame de DNA, que Jair era o autor do estupro de Francine Rocha Ribeiro no Lago Dourado, a Polícia Civil prendeu um homem que havia rompido a tornozeleira eletrônica e encontrava-se foragido do sistema prisional. O detalhe é que naquele momento tudo levava a crer que esse suspeito, Cristiano dos Santos, poderia ser o autor do crime que causou repercussão em nível estadual.

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Além de estar com a tornozeleira rompida no dia do crime – o que não indicava sua localização monitorada –, ele morava nas cercanias do Bairro Várzea, próximo ao Lago Dourado, onde o delito aconteceu, e já tinha sido condenado anos antes por um crime sexual. “Naquele momento achamos que tínhamos batido o bingo, que havíamos encontrado o autor. Passamos a procurá-lo, e esse assunto de ele ter sido o autor circulou pela cidade toda. Porque achavam que era ele, os indivíduos ligados ao tráfico, a mando do líder Chapolin, iam assassiná-lo. Depois, era pra cortar os pedaços e jogar no campo do Bom Jesus”, disse Menezes.

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Por meio de uma informação anônima, a Polícia Civil descobriu onde estava o foragido. “Ao meio-dia de um dos dias daquele mês de agosto, encontramos ele dormindo em um quarto nos fundos de uma casa no Bairro Bom Jesus. Na hora em que fomos tirá-lo da vila, as viaturas foram cercadas por mais de 30 indivíduos do bairro, que queriam tomar o preso de nós. Não tenho vergonha de admitir que tivemos que fugir de ré da vila porque, ou teríamos que matar alguém ou perderíamos o preso, porque eles estavam determinados a matá-lo”, contou Menezes.

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18 octilhões de possibilidades de ser Jair o autor

O delegado lembrou que Cristiano dos Santos passou por um interrogatório duro na época dos fatos. “A gente apertou muito ele, porque era um suspeito em potencial, tinha propriedade no Várzea e foi condenado no passado pelo delito de estupro. Ele me disse: ‘Fiz bobagem no passado, mas me recuperei. O senhor vai acabar descobrindo que não fui e no futuro ainda vai me pedir desculpas’. Achei que ele estava mentindo, mas a maneira como ele falou, com sinceridade, foi algo que me marcou. E ele se dispôs a fornecer material genético para comparação.” Além disso, o homem ofereceu aos investigadores um álibi.

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Confirmou que tinha rompido a tornozeleira, mas havia viajado a Torres naquele fim de semana para ver o irmão. E uma foto, tirada pelo parente, comprovaria a informação. A imagem foi analisada e, a partir de metadados criptografados, foi confirmado que se tratava de um registro feito no dia do crime, sem alteração. Ao relatar esse momento, no depoimento à juíza, Menezes disse que a comparação de DNA também provou que o suspeito não era o culpado. “Acabamos descobrindo que não era ele mesmo. Eu tinha dito que se fosse o caso de não ser ele, eu iria até o presídio pedir desculpas, como ele tinha dito. Até hoje não fui.”

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A fala arrancou risos do público, que até então estava ouvindo em silêncio. Dias após o descarte do suspeito, em outra comparação de DNA, a perícia criminal demonstrou a probabilidade de o material genético coletado de Jair Menezes Rosa ser 18 octilhões de vezes (10 elevado a 27) maior do que quando comparado a qualquer outro indivíduo. Isso permitiu concluir que havia uma hipótese clara de que o material biológico obtido a partir de vestígios no corpo da vítima era do homem de 62 anos, que terminou indiciado pela Polícia Civil, denunciado pelo Ministério Público e condenado em júri popular a 45 anos de prisão.

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