Francisco Teloeken

Os desafios do brasileiro para planejar suas finanças

Com o fim de mais um ano e a chegada de um novo, muitas coisas se repetem: correria, festas, compra de presentes, promessas. Uma delas, certamente, é revisar e querer melhorar a vida financeira. Afinal, ao brindar a passagem de ano, a letra de uma música repetida fala em “…muito dinheiro no bolso (hoje seria no banco), saúde pra dar e vender”.

A pedido da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), o Datafolha realizou pesquisa com 2 mil consumidores, divulgada no dia 26 de novembro. Nela, 58% sinalizam que pensam frequentemente em planejar suas finanças para o futuro, enquanto, na outra ponta, 18% disseram nunca penar nisso; 24% afirmam pensar “de vez em quando”.

Em julho deste ano, outra pesquisa quis saber sobre quais os principais desafios para fazer o planejamento financeiro:

Publicidade

  • para 41% é fazer despesas de modo que sobre dinheiro;
  • para 36% fazer renda suficiente para guardar durante o ano; e
  • para 33% é sempre aparecer uma despesa não prevista.

Na verdade, como observa o gerente de pesquisas de mercado do Datafolha, “boa parte dos brasileiros se vê como um camaleão pra driblar dificuldades financeiras e encontrar uma forma de chegar ao fim do mês”. 

LEIA TAMBÉM: Black Friday: o que fazer se enfrentou problemas ou caiu em fraudes?

Como boa parte das perguntas giraram em torno de metas, sete em cada 10 (70%) pessoas que responderam à pesquisa disseram ter metas estabelecidas. As pessoas mais velhas, independentemente da escolaridade, tendem a ter menos metas. Já as ações realizadas para atingir as metas giraram em torno, principalmente, de guardar, poupar e economizar dinheiro. Uma parte da população (23%), que não tem nenhuma meta de planejamento, atribui o motivo à dificuldade financeira e falta de renda. Entretanto, parece que não é bem assim: falta educação financeira e não pensar no futuro que é algo distante, abstrato, e ainda não faz parte das preocupações dos cidadãos.

Publicidade

Pesquisa sobre letramento financeiro, realizada pelo Banco Central, mostra baixa resistência a choques financeiros e dificuldades de lidar com números. No total, 45,5% não conseguiram constatar que, com uma inflação hipotética de 5% ao ano, um valor de R$ 1 mil não daria para comprar no final do ano as mesmas coisas que comprava no início do ano. Essa dificuldade foi maior em pessoas com menos de 44 anos, que não tem a memória inflacionária, isto é, não viveram ou não se lembram do tempo de inflação altíssima no Brasil. Em termos de educação financeira, pode-se dizer que a explicação prática muito simples de como é o efeito da inflação sobre o poder de compra é algo que precisa ser mais trabalhado, principalmente na população mais jovem. 

LEIA TAMBÉM: O que fazer com dinheiro extra ou inesperado?

O bem-estar financeiro é a capacidade uma pessoa de cumprir com suas necessidades e obrigações financeiras, lidar com choques financeiros e, ao mesmo tempo, ser capaz de se planejar e de conquistar sonhos. O bem-estar financeiro tem muito a ver em ser resiliente, isto é, ser capaz de lidar com choques financeiros, como a perda do emprego ou do negócio, um problema de saúde mais grave que impeça de trabalhar e tantos outros imprevistos. Por isso, é muito importante a formação de uma reserva financeira estratégica para imprevistos, num valor que seja suficiente para pelo menos pagar as contas do dia a dia, durante alguns meses. Quem não tem uma reserva financeira e enfrenta um choque financeiro acaba, muitas vezes, atrasando o pagamento de contas, pagando multas e juros e tendo que recorrer a empréstimos.

Publicidade

Os desafios do brasileiro para planejar suas finanças precisam ir além do dia a dia. Com o aumento da expectativa de vida, viver até os 100 anos se tornará algo mais comum. Infelizmente, o sistema de saúde brasileiro não está preparado para atender a população cada vez mais envelhecida, sem questionar a garantia da simples aposentadoria pelo INSS que, em futuro próximo, terá que ser reformada de novo, sob pena de tornar-se inviável. Nessa realidade, o planejamento financeiro muda e precisa ser revisto para que contemple da melhor forma possível a vida das pessoas com mais idade.

LEIA MAIS TEXTOS DE FRANCISCO TELOEKEN

Chegou a newsletter do Gaz! 🤩 Tudo que você precisa saber direto no seu e-mail. Conteúdo exclusivo e confiável sobre Santa Cruz e região. É gratuito. Inscreva-se agora no link » cutt.ly/newsletter-do-Gaz 💙

Publicidade

Guilherme Andriolo

Nascido em 2005 em Santa Cruz do Sul, ingressou como estagiário no Portal Gaz logo no primeiro semestre de faculdade e desde então auxilia na produção de conteúdos multimídia.

Share
Published by
Guilherme Andriolo

This website uses cookies.