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Os Buenachos completam 40 anos de estrada

Em terra de colonização germânica e que tem nas tradicionais bandinhas alemãs uma marca registrada, não é que um grupo voltado ao estilo galponeiro projetaria a cidade no Rio Grande do Sul e no Brasil? Quem protagonizou a façanha foram Os Buenachos. Mais exatamente, um time de músicos liderados pelo fundador e hoje proprietário do conjunto, que atende pela alcunha de Geraldo Buenacho, misturando a vida e a arte no próprio nome – ou Geraldo Schmidt, na certidão de nascimento. Aos 65 anos, ele comemora o feito, e o fará com ainda mais orgulho neste domingo, 19, quando Os Buenachos completam exatos 40 anos de estrada.

E estrada não é apenas figura de linguagem. Nas últimas quatro décadas, com o seu próprio ônibus, um moderno Mercedão, ou com outras vias de locomoção, não raro em avião, percorreram vários estados, levando a autêntica música gaúcha, produto tipo exportação do Rio Grande, para os diversos recantos nos quais gaúchos estão radicados, em geral reunidos em torno de um Centro de Tradições Gaúchas, um CTG. Geraldo diz lembrar como se fosse hoje. No dia 19 de julho de 1980, ainda em pleno regime militar, ele aproximou três músicos amigos para lhes propor a criação de um novo conjunto.

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Lá estavam, na ocasião, Dodô, já falecido (cujo nome de batismo era, veja só, Luiz Gonzaga, como o mestre do baião), para assumir a bateria; Rubens Ferreira para a guitarra; e João Klafke no acordeon, para formarem o quarteto, junto com Geraldo ele no vocal e na guitarra, depois no contrabaixo e por fim na gaita. Foi a primeira formação, que estreou em um encontro de patrões no dia 17 de agosto de 1980 no CTG Rincão da Alegria, com presença até do presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), Rudi Borghetti, ninguém menos do que o pai do hoje célebre Borghettinho. “E já ganhei dele, na ocasião, um diploma e muitos elogios pela qualidade de nossa música”, lembra Geraldo.

Começavam com o pé direito. Embora ainda jovem, com cerca de 25 anos, Geraldo acumulava alguma experiência. Natural de Arroio do Couto, então Rio Pardo, quase na divisa com Santa Cruz, a cujo território a área depois foi incorporada, nas imediações de Cerro Alegre, a 12 quilômetros da sede santa-cruzense, Geraldo diz que em 1977, por volta dos 19 anos, começou a tocar guitarra na Bandinha Vendaval, de Santa Cruz. No ano seguinte ingressou na Os Nativos, e depois na Os Campeiritos. À parte, com Dodô e Rubens, apresentava-se na noite, animando bailantas. Assim nasceu a ideia de criar um conjunto próprio. Várias sugestões de nomes foram dadas, e todas colocadas em um pote. O que saiu de lá foi Os Buenachos.

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A primeira formação: Dodô, Rubens Ferreira, João Klafke e Geraldo

TEM LIVE DE ANIVERSÁRIO

Para marcar os 40 anos de Os Buenachos, neste domingo, uma vez que as restrições decorrentes da Covid-19 inibem eventos com aglomeração de público, Geraldo Buenacho decidiu promover uma live comemorativa, e ainda engajarse em ação solidária. Às 19 horas, na página de Facebook do conjunto e no YouTube, se apresentarão ao vivo pela internet. Para os internautas será feito o convite a fim de que contribuam na Campanha Ame Juju, para tratamento de saúde da pequena Julia Torres Cardoso.

Conforme Geraldo, a live terá participação especial dos cinco vocalistas que passaram pelo conjunto: Nailto Sosnoski, vocal por 10 anos, hoje residente em Farroupilha; Nicolas Oliveira, Pedro Rosa, Éder Calouro, e o filho dele, Moisés. A formação atual de Os Buenachos é: Geraldo Buenacho, acordeon e vocal; Jonas de Oliveira, baixo; Silas Franco, vocal; Douglas Hirsch, acordeon; Marcos Poue, acordeon; Cleber Silva, guitarra; e Nilmar Souto, bateria.

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Bailes campeiros por todo o Brasil

Depois das primeiras apresentações e dos bailes que o conjunto animou, Geraldo Buenacho passou a compor, e as primeiras canções autorais surgiram. Com elas, o primeiro álbum, o LP Os Buenachos, em 1982. “Nossas músicas rodavam muito nas rádios, e fizeram sucesso Brasil afora”, recorda Geraldo, apontando “Baile Campeiro” como a mais pedida, composição do Velho Milongueiro que depois regravaram. “Potro Chucro” e “Vem Chegando o Miguelão” também fazem parte dos hits do grupo. Em 1987 vinha o segundo LP (Nossa Estampa), dos quatro vinis que Os Buenachos gravaram (Tchê Rio Grande veio em 1990 e Baile Campeiro em 1995, este também já em CD).

“Entre 1985 e 1995, tocamos direto em São Paulo, em CTGs”, cita Geraldo. Ao final dos anos 80, por sinal, surgiu em Santa Cruz mais um grupo referencial, o Grupo Fandangaço. De São Paulo, seguiam para Mato Grosso e outros estados, levando a marca de Santa Cruz. Em paralelo, apareciam em programas de TV, com presença frequente no Galpão Crioulo. Das primeiras viagens em situação mais precária, passaram a circular em moderno ônibus, de propriedade de Geraldo, assim como montaram estrutura de shows completa.

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Geraldo Buenacho: arte e vida misturadas

Já no novo milênio, mais quatro álbuns foram lançados: o quinto CD, 25 Anos – Na Mais Buena Forma, de 2008; o sexto, Namorando a Lua, em 2010; o sétimo, 30 anos, em 2012; e o oitavo, Sempre Buenachos – 32 anos, gravado ao final de 2013. Conforme Geraldo, o plano era marcar os 40 anos com DVD ao vivo. “Estava tudo certo para a gravação, nos dias 3 e 4 de abril, no Parque de Eventos, no Rodeio do Giramundo. Mas daí veio a pandemia”. Com isso, o projeto ficou adiado, mas ele garante que será executado em 2021. Não só a gravação; a agenda de shows toda ficou em suspenso, como, aliás, a de toda a classe artística.

Isso em nada inibe a festejar a data. “Parece que foi ontem!”, comenta. “Faria tudo de novo!”. Comemora o sucesso do conjunto também em família. O filho Moisés, 34, já atuou como vocalista no grupo e hoje mantém carreira-solo; já a filha Marinei, embora sem vocação para a música, aplaude o pai e o irmão. Geraldo é avô de Léo e Murilo, filhos de Marinei; de Caetano, de cinco meses, filho de Moisés; e ainda de Brenda, filha do enteado Diego (e esposa Tiele), de relacionamento anterior de sua esposa Sônia. Como ele enfatiza, diz sentir-se realizado ao ver sua iniciativa chegar aos 40 anos, nessa parceria fina com tantos bons companheiros de música.

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