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HISTÓRIA

Os 10 fatos que marcaram o processo de colonização; saiba quais

Alegria com os peixes: no Rio Pardinho, os descendentes de imigrantes faziam animados piqueniques e pescaria. Na foto, observa-se a carreta com o bebê, muito usada para levar os filhos pequenos para os passeios | Foto: Acervo/Cedoc Unisc

A imigração se dá em um contexto de transformações sociais e políticas na Europa e tem seus reflexos no Brasil. Esse processo transcorre em uma continuidade. Afinal, a imigração alemã para a fundação de colônias características para a produção de alimentos sem o uso de mão de obra escravizada no Brasil independente é de grande importância. Desta forma, se insere nas transformações econômicas, sociais e políticas na Europa e nas Américas, principalmente no transcorrer do século 19.

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A seguir, entenda como se deu a emigração, a partir do exame da realidade econômica e social de diversos estados que compunham a Alemanha antes de sua unificação, em 1871, agrupados em regiões pelo critério de procedência dos imigrantes que colonizaram parte do Rio Grande do Sul. A explicação é do professor e pesquisador Jorge Luiz da Cunha, da Universidade Federal de Santa Maria, mas que mantém vínculos com Santa Cruz do Sul.

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Memoria Santa Cruz do Sul – Catedral São João Batista

Fatos que marcaram a colonização

  1. No Estado, foram fundadas as colônias de São Leopoldo, Três Forquilhas, São Pedro de Alcântara das Torres e São João Batista das Missões pelo governo imperial a partir do ano de 1824. Elas tinham as mesmas bases do estabelecimento dos colonos suíços em Nova Friburgo, Rio de Janeiro, a partir de 1818: concessão gratuita de terras, ferramentas e subsídios.
  2. A colônia de Santa Cruz, atualmente as regiões dos vales do Rio Pardinho e do Rio Pardo (imagem ao lado), foi fundada em 1849, como uma retomada político-administrativa do chamado “Segundo Império”, depois das inúmeras crises, inclusive violentas, associadas ao período regencial, entre os anos de 1831 e 1845 no Brasil, como a Revolução Farroupilha no Rio Grande do Sul (1835-1845).
  3. Para que alguém emigre, são necessárias razões suficientemente fortes para que abandone o conhecido e busque o desconhecido com todos os riscos e implicações dessa decisão. Essas razões são principalmente econômicas, isto é, alguém é levado a emigrar por pobreza. São os pobres que emigram e emigram quando sua vida tradicional se torna difícil ou impossível. Juntam, então, os seus últimos recursos, vendem seus trastes e partem em busca de um lugar onde supõem realizar suas esperanças.
  4. Para compreender esse processo, é necessário verificar as condições de vida no país de onde partiram os imigrantes. No caso, interessa compreender a realidade da Alemanha, que, no século 19, e especialmente nas duas décadas que antecederam sua unificação, expulsou cerca de 3 milhões de emigrantes. A maioria aportou nos Estados Unidos da América do Norte. Somente uma pequena parte se dirigiu ao Brasil, principalmente ao Rio Grande do Sul.
  5. O cumprimento das promessas e vantagens aos colonos de São Leopoldo, Três Forquilhas, São Pedro de Alcântara das Torres e São João Batista das Missões nem sempre aconteceu. Houve problemas principalmente no que dizia respeito à demarcação dos lotes, problemas somados ao descumprimento de alguns itens do decreto de 1818. Esses fatos levaram o governo prussiano a intervir, o que resultou na autorização, por parte do governo imperial brasileiro, do pagamento das passagens, subsídios diários e concessão gratuita dos lotes.
  6. Esses fatos marcaram a primeira fase da colonização alemã no Rio Grande do Sul e o contexto em que se deram merece algumas reflexões. Havia a necessidade do governo, na época da independência e mesmo antes, de criar uma classe média na estrutura social brasileira, então formada pela aristocracia escravista de um lado e pelos sem posses de outro. Uma classe média que deveria ser capaz de desenvolver a policultura, tão necessária ao abastecimento das cidades em expansão e dos exércitos em campanha.
  7. Essa preocupação já se fazia presente mesmo antes da vinda da corte portuguesa para o Brasil. Pombal manifestou essa intenção ao tentar criar colônias de açorianos, nos extremos norte e sul do Brasil, para a formação de uma classe média economica e socialmente independente dos latifundiários. Contudo, o espírito dominante e o desprezo ao trabalho corporal, considerado humilhante para o homem branco, contagiou em breve todos os imigrantes açorianos e estrangeiros, conduzindo-os ou à ociosidade ou ao emprego de escravos.
  8. Dom João, em 1808, tinha como intenções o aumento considerável da população para promoção da riqueza e da prosperidade do sul do país e a defesa das fronteiras em tempo de guerra.
  9. A partir de 1810, manifestou-se, mais claramente, uma nova preocupação: o suprimento de braços para a economia, que urgia ser repensado diante das pressões inglesas. Em março de 1809, a Inglaterra, ansiosa por novos mercados para suas manufaturas, aboliu o tráfico de africanos para todos os seus súditos e colônias e passou a pressionar seus aliados para que adotassem medidas semelhantes. O sistema escravista vigente no Brasil consistia em um sério obstáculo à expansão inglesa. Nesta forma de trabalho, o escravizado era privado de poder aquisitivo, o que limitava a expansão do mercado para as mercadorias inglesas. A Inglaterra tinha interesse em aumentar seu mercado consumidor e, para isso, era imprescindível que se abolisse a escravidão. Diante disso, Portugal, durante as guerras napoleônicas, inteiramente dependente da potência inglesa, viu-se obrigado, pelo tratado de amizade e comércio assinado em 19 de fevereiro de 1810, a condenar por princípio o tráfico e limitá-lo ao sul do Equador. Em 1817, Portugal assinou uma nova convenção com a Inglaterra, em que era prevista a completa extinção do tráfico negreiro e estipulada a mútua investigação de seu cumprimento.
  10. Com a independência, o Brasil, necessitado do apoio inglês, reconheceu os tratados e as convenções celebrados por Portugal em nova convenção assinada em 23 de novembro de 1826, ratificada em 13 de março de 1827, na qual se previa a proibição completa do tráfico de escravizados, a partir de 13 de março de 1830. Um decreto imperial de novembro de 1831 previa castigos aos transgressores da proibição e liberdade dos escravizados contrabandeados. Finalmente, outro decreto, de 12 de abril de 1832, ordenava a execução obrigatória dessas leis. Todo esse aparato judicial não passou de letra morta, apesar das constantes e insistentes pressões inglesas, que acabaram produzindo resultado somente em 1850, com a radicalização provocada pela chamada Aberdeen Act (de 8 de agosto de 1845, com este nome em homenagem ao ministro inglês de relações exteriores Lord Aberdeen) ou Slave Trade Suppression Act, promulgada pela Inglaterra, proibindo o tráfico de escravizados africanos.

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Expediente

Edição
: Dejair Machado ([email protected])
Textos: Dejair Machado, Marcio Souza, Marisa Lorenzoni e Romar Beling
Diagramação: Rodrigo Sperb

Confira o caderno na íntegra » Dia do Colono e Motorista: data para celebrar tradição, história e trabalho

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