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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Orgulho, sim; vergonha, não

Chamou minha atenção, há poucos dias, em reunião local referente aos 200 anos de imigração alemã no Brasil e 175 em Santa Cruz do Sul, a serem comemorados no próximo ano, a informação trazida sobre observação feita recentemente por visitante alemão ao contatar com agricultores em nosso interior. Conforme sua percepção, muitos demonstravam certa vergonha em falar o dialeto que ainda preservam, não se sentindo à vontade para tanto, ou mostrando-se de alguma forma contidos para fazê-lo.

O comportamento foi avaliado, por vários presentes ao encontro, como mais uma decorrência da proibição e perseguição ao uso da língua alemã que existiu nos períodos das guerras mundiais e na campanha específica da nacionalização, coincidente com o segundo conflito mundial. Esse fato ainda estaria presente no inconsciente coletivo dos descendentes de imigrantes que então sofreram essa situação e continua repercutindo de alguma forma na autoestima e devida valorização da língua em nossas comunidades, marcadas pela colonização alemã.

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O assunto inclusive deverá ser tema de novo livro deste autor, que está sendo preparado para o período comemorativo da imigração germânica no ano que vem, visando justamente rememorar essa vivência e o que isso significou em nosso meio. Entendo que seja, de fato, um dos aspectos a merecer o devido enfoque, que contribua para revalorizar o uso da língua alemã em nosso meio, junto com a nacional portuguesa e a inglesa, que na condição de língua estrangeira é a mais visada, fato compreensível pela sua inserção mundial.

Mas é preciso considerar em nível local, diante da relevância indiscutível de se conhecer mais línguas, que não se deva deixar em segundo plano a trazida pelos nossos imigrantes e que, exceto iniciativas elogiáveis e esparsas de inclusão no currículo de algumas escolas ou cursos próprios, foi deixada muito de lado nos últimos tempos pós-guerra. O relato ora referido confirma essa realidade e deve nos motivar e conscientizar mais para isso e assumir atitudes mais firmes de revalorização de nossa riqueza cultural.

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Vem ao encontro desta reflexão mensagem recebida de consultoria especializada em educação internacional (Student Travel Bureau – STB), que fez levantamento no Brasil e constatou um avanço recente na procura pelo idioma alemão em intercâmbios para seu aprendizado, colocando-se entre os principais, junto com espanhol, francês e italiano, além do inglês. Diretor da empresa comenta que “ter um bom conhecimento nessa língua pode aumentar de forma considerável as chances de uma carreira promissora nas grandes filiais de multinacionais alemãs instaladas no Brasil”, além de ser boa opção para quem busca uma internacionalização acadêmica na Alemanha, “país bastante aberto a estrangeiros, em especial aqueles que falam o idioma” e “para suprir falta de profissionais locais” diante de seu “déficit de 7 milhões de trabalhadores até 2035”.

Por tudo isso, em vez de muitos ainda mostrarem vergonha ou timidez para falar o alemão, vê-se que cabe cada vez mais o sentimento de satisfação e orgulho aos que, em nosso meio, ainda sabem falar alemão, mesmo o dialeto, mas que permite boa comunicação e interlocução com quem fala a mesma língua, como já tive várias experiências pessoais, e que pode e deve, sim, ser aperfeiçoado em cursos oferecidos, mas não menosprezado. Que possa servir o momento de importantes datas comemorativas para renovar os melhores sentimentos em relação à língua e outras tradições de grande parte da nossa população, pois quem o faz só se engrandece como pessoa e cidadão, em qualquer situação ou lugar.

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