Em uma propriedade cercada pelo verde na Rua Dona Carlota, em Santa Cruz do Sul, um raro evento natural chamou a atenção na manhã dessa quarta-feira, 17. O pé de ora-pro-nóbis, que cresceu sobre uma árvore pata-de-vaca, amanheceu florido, renovando a esperança em um tempo novo. A planta é conhecida na culinária mundial e também como uma das formas de polinizar as florestas, pois a rara flor, que não dura mais que 12 horas, atrai abelhas sem ferrão.
A muda, que veio de Porto Alegre, tem cerca de 20 anos. Nessas duas décadas, cresceu e nessa quarta encantou a família Keller, no Bairro Faxinal Menino Deus. Quem plantou a muda foi Roberto Keller – que não gosta muito de aparecer. Segundo ele, o espetáculo é a planta, que ajuda a matar a fome de quem busca uma alimentação alternativa.
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A ora-pro-nóbis é chamada de bife dos pobres, pois as suas folhas concentram mais proteína do que um pedaço de carne bovina. Encontra-se 25% de proteína nas folhas, que podem ser consumidas em meio a saladas, refogadas ou como a criatividade do cozinheiro deixar.
Ao sair para a rua, na manhã dessa quinta-feira, Keller se deparou com a planta toda florida, olhou aos céus e agradeceu. A floração da ora-pro-nóbis é rara, ocorre uma vez por ano e não dura do amanhecer ao anoitecer.
O produtor Albino Gewehr, de Candelária, está preparando 500 mudas de ora-pro-nóbis para a comercialização, ainda no primeiro semestre. Ele explica que a planta literalmente caiu no gosto da população, sendo indicada por nutricionistas como um ingrediente importante da alimentação. “Eu consumo de duas a cinco folhas por dia, e essa é uma medida suficiente de proteína. A ora-pro-nóbis ajuda a emagrecer, pois seu consumo reduz o apetite”, recomenda.
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Gewehr conta ainda que a rara flor é fonte de nutrientes para as abelhas sem ferrão, essenciais para a manutenção da vida natural nas florestas. “Nessas dez ou 12 horas de flores, as abelhas sem ferrão procuram a planta, que ajuda a manter viva essas espécies”, explica.
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A produtora de ora-pro-nóbis Regene Lamb, moradora de Linha Marechal Floriano, no interior de Venâncio Aires, diz que o nome, em latim, tem a ver com um ritual católico antigo.
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Regene conta que a ora-pro-nóbis foi descoberta nos fundos de uma igreja e, a partir de então, passou a fazer parte da missa. Antigamente, quando as celebrações eram rezadas em latim, no rito final, quando o padre abençoava os fiéis, estes repetiam “ora-pro-nóbis” – que quer dizer “rogai por nós”. “Conta-se que os fiéis saíam para fora da igreja para apanhar as folhas, que eram abençoadas e depois consumidas”, conta Regene.
Na casa da família Lamb, a ora-pro-nóbis é consumida in natura, como salada verde, em meio a outros vegetais. De sabor suave, a planta pode ser consumida com ou sem tempero, de acordo com o gosto do freguês. “Ela tem uma textura meio gelatinosa, que é única. Isso algumas pessoas não apreciam.”
Além de ser rica em proteína, vitaminas A, B e C, cálcio e fósforo, a ora-pro-nóbis é indicada no tratamento contra o colesterol. As folhas processadas e misturadas ao azeite servem para tratar furúnculos e infecções da pele.
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Ainda no rol de propriedades terapêuticas, ela pode ser utilizada no tratamento de tumores, inflamações e até mesmo previne a infecção da sífilis. Já o preparo das folhas frescas, na forma de salada, ajuda a tratar a anemia.
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