Dani, como gosta de ser chamada, estudante de Relações Internacionais, dedica atenção especial aos migrantes. A mesma causa move Marina e Alexandre. Ela, advogada; ele, publicitário. Buscam resolver problemas de documentação, alimento, abrigo e encaminhamento profissional. Comungam da aflição daqueles que, deslocados de suas pátrias, sofrem com a língua diferente e com o desamparo próprio de quem escala distâncias desconhecidas. Praticam o zelo do envolvimento pessoal que agrega objetividade resolutiva e empenho acariciante. Empenhados na efetivação de direitos já existentes, ampliam a luta para o campo dos direitos coletivos mais duradouros. Não filtram origens. Tratam com pessoas fragilizadas no corpo e na alma. Os percebem como proximais, que sonham horizontes a serem descobertos.
Outras Danis, Marinas e Alexandres assim o fazem. Todavia, quantos somos os que atuam em dimensão consistente e continuada ao longo do tempo? Nos é relativamente fácil ofertar um donativo eventual, especialmente em atendimento a campanhas mais ostensivas ou próprias das datas especiais, como o Natal, por exemplo. Também não temos grandes dificuldades em nos irmanarmos conceitualmente a esses movimentos de atendimento aos mais vulneráveis. Nos condoemos com as imagens que nos chegam através de diferentes plataformas. Até nos imbuímos de propósitos altruístas do tipo “se ganhar na loteria, vou destinar um bom percentual às causas fraternas”, “quando tiver mais tempo, vou me dedicar aos que mais necessitam”… Também não titubeamos em incluir em nossos desejos a vontade pelo bem-estar daqueles menos aquinhoados. Mas pouco somos Danis, Marinas e Alexandres. Estes não esperam por mais recursos financeiros para então mobilizar atenção; não aguardam pelo tempo que lhes traga oportunidades otimizadas; não se contentam com arrazoados justificatórios; não almejam reconhecimentos, sequer menções honrosas. Basta-lhes o reflexo do olhar aliviado, da mão estendida, do semblante um pouco menos endurecido, do sorriso encantado de quem se percebeu compreendido, da criança que diminui uma lágrima.
Eles, inseridos em movimentos grupais, mobilizam a partir da própria realidade. Ao moverem-se deixam em segundo plano o hotel, o avião e o “transfer”. Na praça, costuma haver um banco receptivo, num posto de abastecimento pode sair um café, até porque introjetaram que o mais importante não é o recurso em si, mas a atenção para além de si mesmos.
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Três jovens de muitos corações. Estes, multiplicados a cada novo encontro atencioso. Desta crônica eles não precisam, talvez nem a desejem. Quem a necessita somos nós, os atarefados demais, os preocupados com nossas garantias, os que sempre esperamos por melhores condições para, daí, quem sabe, sermos Danis, Marinas e Alexandres. Serão eles perfeitos? Por certo que não. São o que todos, na verdade, gostaríamos e podemos ser, até porque se ofertam múltiplas as formas contributivas.
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