Não fica longe. Em uma hora se chega lá. Ao passar por Novo Cabrais surge a rótula que dá acesso a Cachoeira do Sul. Poucos quilômetros adiante, em entrada quase discreta, amanhece à esquerda o Parque Witeck. Uma estradinha estreita e curta – e é bom que assim seja para não perturbar a natureza exuberante que ali encontra guarida – nos conduz ao ponto de início da visitação. Dona Virgínia, através de seu voluntariado receptivo, instrui na tomada dos cuidados para melhor se usufruir do parque. Uma trilha autossinalizadora, que permite também a locomoção de cadeirantes, nos encaminha numa trajetória de cores, sons e mistérios.
Placas indicativas vão apontando recantos paisagísticos, incluindo o resguardo paleontológico de madeira petrificada. Ao olhar atento perfilam-se exemplares da flora mundial. Nesta época, o tom outonal colore liquidâmbares numa festa que percorre a palheta do amarelo ao ocre, em pinceladas movidas pela magia de autorias celebrizadas em cada detalhe. Aos poucos, às cores se somam os sons, a maioria quase silenciosos, quando não interrompidos pelo alarido irreverente de pássaros ligeiros ou pelo deslizar cauteloso de algum mamífero. Insetos revoam e peixes agilizam proximidades com a vaporosidade que se eleva sutil. Irrequietos, os peixes mais atrevidos desviam com presteza das raízes respiradoras dos pinheiros do brejo, que se vestem de laranja para melhor engalanar o espelho mágico das águas.
Num dos cantos da lagoa, onde margeiam as raízes respirantes, assenta-se o “coração” do Parque. Em atmosfera memorial, ali é celebrada a atitude altruísta de Acido Witeck, o médico militar e prefeito que plantou árvores numa terra antes altamente degradada. Seu filho, o arquiteto paisagista Henrique, segue as pegadas visionárias do pai. Não é difícil encontrar Henrique, sempre pronto a revelar mais um aspecto do bosque privado. Atento a tudo, zela pelo bem-estar dos visitantes. Segue incrementando o que seu pai implantara.
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Junto ao memorial, um pouco abaixo, abre-se um espaço estranhamente encantado. Ali brotam lírios do brejo, aguapés e lótus, tudo imantado pelo mistério das águas rasas à espreita inquieta do lago avolumado que cintila paz.
Se apaziguante a experiência no Parque, o retorno se faz promissor. Como não perceber que em cada pote de folhagem em nossas varandas ou na magnitude do Cinturão Verde o mistério encanta-se em biodiversidade?
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