Santa Cruz do Sul

Operar restaurante no local é inviável, diz a concessionária do Parque da Cruz

A demora da Prefeitura de Santa Cruz do Sul em finalizar os trâmites para a concessão do Parque da Cruz recebeu críticas por parte da vencedora do processo, a empreendedora Kátia Hermes. Ela foi a única a apresentar proposta para assumir a administração do espaço, em setembro do ano passado, mas até agora o contrato não foi assinado e ela segue impossibilitada de atuar. A empresária falou sobre os motivos, que envolvem inclusive avarias no prédio, em entrevista à Rádio Gazeta FM 107,9 na manhã dessa terça-feira, 6.

Segundo Kátia, após ter sido habilitada como a vencedora da licitação, solicitou uma visita ao prédio para verificar suas condições e a necessidade de eventuais reformas para o funcionamento do novo empreendimento a ser instalado. “Depois de muita insistência, me deram as chaves e eu constatei que existiam muitas avarias prediais”, relatou. Segundo ela, o principal problema envolvia o telhado e as calhas, que teriam sido instaladas de forma incorreta e provocaram infiltrações e outros danos. O conserto, revelou Kátia, já foi realizado pela secretaria de Planejamento e Orçamento.

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Outra avaria identificada foi a porta que dá acesso à área com vista panorâmica para a cidade. Ela teria sido danificada por uma forte rajada de vento no ano passado. “Como medida paliativa foi colocado arame para fechar, depois ela foi aberta e o local foi invadido por pessoas para drogadição. O cuidado que se tem hoje é muito pouco”, salientou. Essas situações, afirmou Kátia, são o motivo de o contrato de concessão ainda não ter sido assinado.

“Começar a pagar a locação de um espaço onde eu não consigo usar o prédio central e capitalizar fica difícil.” Ressaltou ainda que toda a operação será feita unicamente pela empresa dela, sem a presença de investidores externos. “Como vou alugar ou fazer melhorias se a parte mais importante, que é o telhado, estava com avarias? E isso com o prédio ainda em garantia da construtora.” De acordo com ela, essa garantia é de cinco anos após a entrega, ocorrida em novembro de 2021. Desde então, a estrutura permanece fechada e nunca foi utilizada.

Com os problemas do telhado resolvidos, Kátia aguarda agora a assinatura do contrato. Ela acrescentou que existe a possibilidade de que outras melhorias sejam feitas com abatimento do aluguel, fixado em R$ 5 mil mensais. “Não tenho mais notícias. Eu mando e-mails e mensagens e não sou respondida, vou nas secretarias e não sou recebida, por isso essa dificuldade com a administração municipal.” Kátia também usou a Tribuna Popular na sessão da última segunda-feira da Câmara de Vereadores para falar sobre o assunto.

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Restaurante não

Apesar de ter sido construído com o intuito de sediar um restaurante panorâmico, Kátia Hermes não vê a possibilidade de executar esse tipo de operação no Parque da Cruz. Conforme a empresária, o tíquete médio teria de ser muito elevado para compensar os custos e isso já seria um empecilho para o sucesso do empreendimento. Além disso, ela considera que já existem muitas boas opções gastronômicas na parte baixa da cidade. Assim, entende que não haveria um grande incentivo para o deslocamento até o parque apenas com o objetivo da alimentação.

Kátia disse que falta cuidado com o local | Foto: Ronaldo Falkenback

“As pessoas nem se prestaram a ler o edital, ficaram muito com essa coisa de restaurante na cabeça”, disse Kátia, ao explicar um dos motivos de a primeira licitação ter acabado deserta e a segunda apenas com a proposta dela. A concessão permite que o local seja explorado para diversos fins, como eventos corporativos, culturais, shows, apresentações e outros. Mesmo sendo administrado por uma iniciativa privada, o edital prevê que o parque deve ficar aberto para visitação gratuita da mesma forma que ocorre atualmente.

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Outras possibilidades levantadas nos últimos anos, como a instalação de uma roda-gigante e de uma passarela de vidro como a existente em Canela, na Serra, também foram descartados por Kátia em razão das dificuldades técnicas.

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Uma das poucas informações adiantadas por ela é a intenção de instalar uma cafeteria no local, não no prédio principal, mas em outro espaço a ser construído. “As demais nós preferimos manter como fator surpresa, até para motivar as pessoas a conhecerem o parque.”

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Secretário confirma os problemas

Após a entrevista de Kátia Hermes, o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, César Cechinato, contatou a Rádio Gazeta FM 107,9 e pediu espaço para falar sobre a situação do Parque da Cruz. Ele confirmou os problemas estruturais no prédio e disse que há duas semanas uma equipe está atuando no local para resolver problemas na fiação elétrica e iluminação. “Eu diria que hoje o parque está 99% pronto em questão de segurança”, ressaltou.

Outro ponto citado por Cechinato como responsável pela lentidão do processo é uma possível divergência entre a lei que autorizou a concessão e o contrato quanto à área a ser concedida. A situação está sendo verificada pela secretaria de Planejamento e Orçamento.

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Iuri Fardin

Iuri Fardin é jornalista da editoria Geral da Gazeta do Sul e participa três vezes por semana do programa Deixa que eu chuto, da Rádio Gazeta FM 107,9. Pontualmente, também colabora nas publicações da Editora Gazeta.

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