Open Banking – novo modelo para bancos e clientes

Nos últimos dias, temos lido e ouvido falar, principalmente nos noticiários da televisão, em Open Banking – que o Banco Central alterou para Open Finance. Ainda não se tem, em português, uma expressão para traduzir o Open Banking que, em tradução livre, seria algo como “Banco Aberto”.

O que é o Open Banking? É um modelo de serviço que permite aos clientes solicitarem o compartilhamentos de dados pessoais e bancários com outras instituições financeiras,  de forma segura e digital, mediante expressa autorização. Grandes e médios bancos são obrigados a participar do novo modelo.

Em 1º de fevereiro deste ano, foi iniciada a implantação do Open Banking, no Brasil. Nesta primeira fase, as instituições financeiras participantes trocaram informações sobre as empresas – endereços das agências, horários de funcionamento, canais de atendimento, dados e características sobre os produtos e serviços oferecidos. Nesta fase, os sistemas dos diversos bancos foram preparados para conversar entre si e, ao mesmo tempo, estarem protegidos de ataques de hackers.

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Na implantação da segunda fase do Open Banking, iniciada em no dia 13 de agosto, foi a vez dos clientes de bancos terem a possibilidade de autorizar o compartilhamento de cadastros, extratos de conta, movimentações dos cartões de crédito e informações sobre operações  com outros bancos. É razoável achar que, quanto maior o tempo de relacionamento com um banco, mais chances o cliente teria de conseguir crédito e, principalmente, melhores taxas, além de outras benesses. Na prática, entretanto, muitas vezes isso não acontece. Mesmo sendo um ótimo cliente, o banco, talvez por razões operacionais ou porque se acostumou com aquele cliente “cativo”, muito pouco faz por ele; no início deste ano, por exemplo, mesmo sendo cliente estilo, por exemplo, nem um calendário de mesa foi oferecido!

Assim, com um perfil que não merece melhores condições no banco em que o cliente mantém conta, talvez em outro  tivesse mais vantagens. A ideia do Open Banking, então, é fazer do cliente o dono das informações. Conforme explica  Cláudio de Moraes, professor  da Universidade Cândido Mendes, “imagine você poder pegar todo o seu histórico construído ao longo do tempo com um banco, como contas pagas em dia, fonte de renda mensal, quitação de empréstimos, perfil de gasto etc., e levá-lo para onde quiser, sem ter que começar um relacionamento do zero com uma nova instituição.”

Por exemplo, um cliente faz a cotação para o financiamento de um automóvel no banco tradicional, onde mantém um relacionamento de muitos anos. Não satisfeito com as condições daquele banco, pesquisa outros e descobre condições melhores. O que fazer, então, se ele não é cliente daquele ou daqueles bancos? O cliente deverá solicitar ao banco que compartilhe todas as informações bancárias  com o banco – ou bancos – em que pretende fazer  negócios. Mas, mesmo solicitando o compartilhamento de dados e informações com outros bancos, o cliente poderá manter o relacionamento com o banco tradicional, talvez não mais contando com o mesmo padrão de atendimento, porém sendo livre para adquirir produtos e serviços em melhores condições dos demais bancos do mercado.

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Mesmo não existindo um objetivo imediato, como, por exemplo, a solicitação de um empréstimo, ao compartilhar dados com outros bancos, o cliente pode aumentar a disputa do “passe” entre as instituições financeiras e também o poder de negociação. Com a implantação do Open Banking, uma das preocupações  dos brasileiros tem sido a privacidade financeira.

Pesquisa realizada pela TecBan – companhia conhecida por administrar os caixas do Banco24Horas – e pelo instituto Ipsos, com homens e mulheres entre 18 e 59 anos, mostrou que 46% deles estão preocupados com o uso dos dados financeiros, caso utilizem o novo serviço. O percentual é menor do que o verificado em 2019,  mas ainda reflete que quase metade da população adulta brasileira teme partilhar dados bancários. Entre as principais preocupações dos brasileiros estão os crimes financeiros, a forma como os dados serão utilizados e o fato de que os dados poderão perder o anonimato. Infelizmente, sempre haverá algum risco.

No cronograma de implantação do Open Banking, faltam ainda duas fases:

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  • a terceira, com início em 30 de agosto, prevê os pagamentos fora dos aplicativos bancários ou do internet banking;
  • a quarta fase, em 15 de dezembro, mas ainda em debate entre os participantes, se refere ao compartilhamento dos demais dados de produtos e serviços e de transações feitas pelos consumidores, como de operações de câmbio, investimentos, seguros e contas-salário.

Vale registrar que o Brasil saiu na frente com a implantação do Open Banking. Criado no Reino Unido, são poucos os países da Europa que já estão praticando esse modelo de banco. Para se ter uma ideia do pioneirismo brasileiro, Estados Unidos, Austrália, Japão e Hong-Kong estão em fase de estudos para implementar o Open Banking. Por fim, a expectativa é de que, a partir da implantação da segunda etapa do Open Banking, comecem a surgir serviços financeiros inovadores, novos aplicativos e, principalmente, concorrência bancária. O Banco Central do Brasil tem defendido que isso abrirá espaço para o barateamento de operações financeiras, principalmente com juros menores. Como disse um diretor do Bacen, talvez com algum exagero, a mudança na vida das pessoas com a implantação do Open Banking equivale ao início da internet: nossa vida nunca mais foi a mesma.

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Heloísa Corrêa

Heloisa Corrêa nasceu em 9 de junho de 1993, em Candelária, no Rio Grande do Sul. Tem formação técnica em magistério e graduação em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo. Trabalha em redações jornalísticas desde 2013, passando por cargos como estagiária, repórter e coordenadora de redação. Entre 2018 e 2019, teve experiência com Marketing de Conteúdo. Desde 2021, trabalha na Gazeta Grupo de Comunicações, com foco no Portal Gaz. Nessa unidade, desde fevereiro de 2023, atua como editora-executiva.

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