A Organização das Nações Unidas (ONU) denunciou nesta terça-feira, 10, violações supostamente cometidas pelas forças de segurança no Sudeste da Turquia, entre elas relatos de uma centena de pessoas queimadas vivas. A ONU pediu ao governo de Ancara que permita uma investigação independente.
Em comunicado, o alto comissário da organização para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, manifestou preocupação com informações de várias fontes confiáveis sobre ações da polícia e do Exército turco durante os períodos de recolher obrigatório no Sudeste do país, de maioria curda. “A imagem que se vê, apesar de ainda imprecisa, é extremamente alarmante”, afirmou.
As autoridades turcas impuseram o recolher obrigatório em Cizre e várias outras cidades da região entre meados de dezembro e o início de março para tirar dos centros urbanos rebeldes com ligações ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). “Condeno firmemente a violência e demais atos ilícitos cometidos por grupos de jovens e outros agentes não estatais supostamente relacionados com o PKK e lamento a perda de vidas em consequência de atos terroristas”, afirmou Zeid.
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No entanto, acrescentou, “é fundamental que as autoridades respeitem sempre os direitos humanos quando realizam operações de segurança ou de contraterrorismo”. “As leis internacionais que proíbem a tortura, as execuções extrajudiciais, o uso desproporcionado de força letal e as detenções arbitrárias devem ser respeitadas”, destacou.
O alto comissário diz que recebeu relatos de civis desarmados, entre eles crianças e mulheres, atingidos por atiradores furtivos ou por disparos de veículos militares. Zeid evoca ainda relatos de “detenções arbitrárias, torturas e maus-tratos” e de “destruição altamente desproporcionada de propriedade e de estruturas comunitárias essenciais”.
O recolher obrigatório, os combates, as mortes e as detenções no Sudeste da Turquia desencadearam “enorme deslocamento” de populações, acrescentou. Há relatos, os mais perturbadores, que citam testemunhas de Cizre, segundo os quais mais de 100 pessoas foram queimadas vivas quando se refugiavam em locais diferentes, que foram cercadas pelas forças de segurança, afirmou.
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Zeid Ra’ad Al Hussein pediu uma investigação completa das denúncias e lamentou que o governo turco não tenha aberto qualquer inquérito e tenha negado o pedido do Alto Comissariado de acesso às áreas afetadas.
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