Em uma das entradas da cidade de Santa Cruz do Sul, pela RSC-287, está o Bairro Renascença. Fica situado em uma zona privilegiada do município, ou seja, muito próximo à natureza pujante do Cinturão Verde, ao longo da rodovia e vizinho do Bairro Universitário. De acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), datado de 2010, o Renascença contava com 1.877 habitantes.
No entanto, neste período, conforme relato dos moradores, o bairro cresceu muito, principalmente em função da proximidade com a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), o que fez com que tantos prédios fossem construídos naquela região da cidade. O Renascença já foi chamado de Linha Entrada Rio Pardinho e Beco da Querosene e quase homenageou o sanatório que fica próximo, mas venceu o nome atual.
“Inicia em um ponto localizado no entroncamento do eixo da Av. Independência com a Faixa de Domínio Sul da Rodovia RSC-287, de onde segue, no sentido leste, sempre pelo mencionado eixo, até encontrar o ponto de onde segue, acompanhando a Faixa de Domínio Sul da RSC-287 até encontrar um ponto localizado no limite norte do Cinturão Verde, de onde passa a acompanhá-lo, no sentido noroeste, até encontrar um ponto (marco M001 do Cinturão Verde), seguindo ainda por seu limite, passando pelos marcos M002, M003, M004, M005, M006, M007, M008 e M009, até encontrar o ponto localizado no prolongamento imaginário do eixo da Rua Ver. Ivo Cláudio Weigel com o limite oeste do Cinturão Verde, de onde segue, no sentido oeste, por este eixo, passando pelo ponto localizado no entroncamento deste com a Avenida Independência até encontrar o ponto localizado no prolongamento imaginário deste eixo com a Faixa de Domínio Leste da BRS-471, de onde segue, por esta Faixa, no sentido norte, até encontrar o ponto localizado na junção com a Faixa de Domínio Sul da Rodovia RSC-287, seguindo por esta, até encontrar o ponto inicial.” – Trecho da Lei Ordinária 8714, de 14/09/2021.
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Em 2015, bolsistas do Programa Institucional de Iniciação à Docência (Pibid) da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) realizaram o documentário “Renascença: um pedacinho de Santa Cruz”. O material, produzido pelos, na época, estudantes Angélica Puntel, Bruna Lucia Laindorf, Caroline Horn e Diego dos Santos, aborda a história do município de Santa Cruz do Sul a partir desse bairro.
Entrevistas concedidas por profissionais de história, biologia e geografia enriquecem o documentário, que explica com detalhes a formação do Renascença. O historiador Olgário Vogt, atualmente professor aposentado, explica, no vídeo, que o surgimento de Santa Cruz se deu a partir de 1849, com a vinda de imigrantes europeus. “A colonização se inicia na localidade de Linha Santa Cruz, onde hoje é o aeroporto, e dali vai em direção à Boa Vista. Posteriormente se abre uma segunda picada, que era em Rio Pardinho, chamada Picada Nova, relacionada à Picada Velha, que era em Linha Santa Cruz.”
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Porém, Vogt detalha que o que hoje é o Bairro Renascença não ficava dentro da colônia oficial, pois era uma propriedade particular. No início, a localidade era denominada de Linha Entrada Rio Pardinho, mas foi como Beco da Querosene que a área ficou conhecida. Isso porque era um corredor que não tinha luz elétrica e os moradores precisavam comprar querosene para utilização em lampiões. Com a chegada das faculdades integradas, atualmente Unisc, os terrenos no local passaram a ser valorizados e mais moradores se instalaram no bairro.
Há quase 40 anos, os habitantes da região viram a necessidade de escolher um novo nome, mais apropriado. Para isso, foi realizada uma eleição com duas opções de nome: Bairro Vida Nova e Renascença. Segundo uma moradora que foi entrevistada no documentário, Vida Nova era devido ao Sanatório Vida Nova e Renascença porque no bairro existe o Arroio Lajeado, que teria “renascido”.
Por poucos votos a mais, venceu Renascença, o que, para o professor Olgário Vogt, representa uma renúncia de alguns moradores pelo nome Vida Nova, que era relacionado ao sanatório. “Quando há a escolha do novo nome, é deixado de lado Beco da Querosene, que nem entra na votação. E Vida Nova, que tem ligação com o sanatório, acaba sendo preterido”, observa Vogt.
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Cercado pelos morros do Cinturão Verde, o Bairro Renascença possui riquezas naturais. O Arroio Lajeado é uma das identificações do bairro: ele nasce no Distrito da Boa Vista e desemboca no Rio Pardinho. Além disso, o crescimento do bairro se refletiu também na busca por demandas públicas, como a criação da Escola Municipal Professor José Ferrugem, em 1992. O documentário na íntegra pode ser assistido no YouTube. Basta pesquisar pelo nome “Renascença: um pedacinho de Santa Cruz | PIBID Unisc”, ou acessar o link https://www.youtube.com/watch?v=dWd_Zzmt8Dw.
O Marafon é quase como um patrimônio histórico do Bairro Renascença. Quem reside no local conhece muito bem o minimercado situado na Avenida Independência, em um prédio bastante antigo. Há 28 anos, quem está à frente do estabelecimento é o catarinense José Carlos Marafon, 66 anos.
Ele relata que era gerente em um banco que abriu uma agência em Santa Cruz, porém acabou perdendo o emprego e precisava decidir o que fazer para sustentar o casal de filhos. “Tinha duas opções: vender meu carro e voltar para Santa Catarina, ou arriscar alguma coisa aqui. Vendi meu carro e comprei esse ponto”, relembra.
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Marafon frisa que o bairro já estava crescendo quando ele se instalou no local, mas quando a Unisc efetivamente foi para o Bairro Universitário, vizinho do Renascença, acabou fazendo o crescimento acontecer de forma mais rápida. “Asfaltaram, à direita aqui era tudo mato e hoje é tudo residência.” Para o comerciante, o Renascença é um bom lugar para morar e para ter negócio, com moradores fixos e onde todos se conhecem. Além disso, Marafon comenta que o estabelecimento possui uma clientela fiel e tradicional.
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Lotário Schwengber, 69 anos, nasceu no Renascença, ou seja, quando o bairro ainda não tinha este nome. “Era Beco da Querosene. Não tinha luz, era uma escuridão, mato em volta. Era uma ruazinha estreita. O pessoal usava a querosene, por isso se chamava assim. É muito bom morar aqui. Quando eu era piá, tinha uns 5 anos, fomos morar no Schulz por um tempo, mas logo voltamos.”
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Nas últimas décadas, o morador viu um grande crescimento, principalmente após a instalação da Unisc. Embora considere que seja um bom bairro, ele entende que faltam alguns investimentos, como um posto de saúde, uma escola de educação infantil e uma área de lazer, a exemplo de um campinho de futebol.
Acostumado a andar de bicicleta todos os dias, forma que encontra para praticar uma atividade física, Schwengber aguarda a construção de uma ciclovia na Avenida Independência. “Todos os dias dou minhas voltas. Ano passado não andei muito por causa da pandemia. É para sair a ciclovia, estou esperando”, destaca.
Já são 12 anos instalados no prédio na Avenida Independência, número 2.813, no Renascença. Fundado pelo casal Loreni e Gerônimo Durante, o Mercado e Fruteira Terra Nostra foi um dos primeiros estabelecimentos comerciais a se fixar no Renascença. Logo, o mercado foi conquistando uma clientela fiel. “Temos clientes da vizinhança há anos”, diz a gerente Roberta Moura.
O Terra Nostra manteve a tradicional clientela, mas também ganhou novos frequentadores, devido à rápida expansão do Renascença, que foi agregando cada vez mais prédios residenciais, muito em função da proximidade com o Bairro Universitário. “Notamos que cresceu muito nesses últimos 12 anos, com prédios e casas novas; era bem diferente antes. Assim como é um bairro para universitários, é também muito família”, completa Roberta.
Além de trabalhar no Renascença, Roberta reside ali. “É excelente, eu adoro morar aqui. Porque é calmo, tem muitas famílias, crianças, é um bairro bem seguro. E eu não acho longe para ir para o Centro, é muito prática essa localização da cidade”, salienta.
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