Por um bom tempo, lidei com a realização de eventos culturais, tanto na Unisc, principalmente antes de se tornar universidade, quanto nas escolas por onde passei. Sempre gostei dessa atividade e aprendi muito com ela. No Colégio São Luís, tive grande envolvimento com a organização de shows, sempre apreciados pelas famílias que compareciam em peso. Foram muitas horas, muitos dias de trabalho que, à época, realizávamos gratuitamente. E sem nenhum arrependimento, porque também foram escola para a vida.
Como presidente do Diretório Acadêmico da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, trouxe o Coral Madrigal, fundado e regido pelo excelente maestro Frei Gil de Roca Sales. A noite foi aberta pelos Canarinhos do São Luís enquanto se aguardava o grupo de Porto Alegre. Auditório do Colégio Sagrado Coração lotado e nada da turma do Frei Gil. Eu implorava ao Carmo Gregory, regente dos meninos, para continuarem cantando, mas já estavam exauridos. Quase dez horas da noite, a turma do Madrigal sobe ao palco, todos assustados, cansados, atrasados e famintos. Disseram-me ter errado o caminho, ali em Tabaí, indo a Lajeado.
Já na Unisc, um dos primeiros shows promovidos foi com o Grupo Caverá. Cinco jovens universitários, na década de 1970, se reuniram para formar um conjunto de qualidade irretocável. Mauro Harff, Alex, César, Rolf e Rubin arrebatavam o público com as interpretações. Cine Vitória completamente lotado (tinha 1.280 poltronas) para aplaudir “Os homens de preto”, “Prenda minha” e outras canções.
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Numa noite gelada de sábado, véspera de Dia das Mães, compareceu a Ospa. Como o palco do Cine Vitória era pequeno para acolher todos os músicos, a Fisc preencheu o fosso que havia na frente, obra que se tornou definitiva até o fechamento desse notável espaço cultural. Durante a semana, contratamos o jantar na Bierhaus. Chegando lá, aí pelas 10 e meia, o espanto: tinham esquecido de preparar a refeição. Alguns pacotes de linguiça, fervida na hora, reduziram o impacto do vexame.
Lembro de ter trazido o Grupo Tarancón, especializado em cantar músicas latino-americanas. Também o grupo teatral liderado pela renomada atriz e diretora Irene Brieztke, que encenou “A aurora da minha vida”.
O Galpão Crioulo era apresentado nas manhãs de domingo na então TV Gaúcha. Contatei o produtor – me parece que era Aírton dos Anjos – para realizarem uma apresentação em Santa Cruz do Sul. Aceitaram. Acho que foi a primeira interiorização do programa. Estavam Nico Fagundes, Os Mirins, Leonardo, o emergente Renato Borghetti e outros mais. Cine Vitória lotado e mais umas 400 pessoas na fila sem conseguir ingressar.
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Fomos jantar no Charrua, alguns saíram logo, outros ficaram. No fim, estávamos eu, minha esposa Carmen e Leonardo, o das músicas “Viva a bombacha”, “Céu, sol, sul”, “Tertúlia”. Ficamos, como anfitriões, até pelas 3 horas. Em meio a algumas taças de vinho, Leonardo contou vários episódios da vida pessoal. No outro dia, teria show em Pelotas. Foi dormir no hotel. Na tarde seguinte, choveram ligações com as pessoas querendo saber onde andava Leonardo.
Comentaram que um grupo começara a percorrer a rodovia para ver se ele não havia sofrido um acidente, caindo em algum barranco. Nada disso. O Leonardo estava tranquilamente usufruindo a natureza na Gruta dos Índios, aqui em Santa Cruz. Simplesmente tinha esquecido o compromisso em Pelotas. Jader Moreci Teixeira, o Leonardo, faleceu em março de 2010.
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