Antes de tudo, quero deixar claro que sou torcedor do Sport Club Internacional desde pequeno. Até tomar conhecimento sobre quanto vale um campeonato e o que significa levantar aquele objeto de cor dourada – a taça –, simbolizando a conquista de um título, eu não entendia muito bem a importância. Apenas dizia ser torcedor do Inter, aos 6 anos de idade.

Depois de passar a frequentar a escola e ver colegas usando camisetas de Grêmio e Inter, e iniciarem as zoações por causa de um time ter perdido o Gre-Nal, entendi o significado do que é torcer por um time. Desde então, passei a defender o meu clube contra qualquer fala, fosse em dias normais ou nos de derrota. Eu também zoava o rival em suas derrotas. Até os dias de hoje continuo pegando no pé dos tricolores, quando vencemos ou eles são desclassificados.

Mas aqui quero deixar meu sentimento, talvez outros colorados se identifiquem também: a não classificação para a final do Gauchão no jogo contra o Juventude, na última segunda-feira, foi um balde de água fria na torcida, tanto para quem acompanhou pela televisão ou pelo rádio como para os 40 mil torcedores no Beira-Rio. Neste momento, muitos se perguntaram: o que houve com o Inter? Onde foi parar aquele futebol apresentado ao longo do campeonato? Onde está o Inter? 

O Juventude desceu a Serra Gaúcha para ganhar, e com muito mérito apresentou um bom futebol, dominando o meio-campo colorado. Fez bonito o time de Roger Machado. Mas voltando ao Inter: onde ele está? Colegas de trabalho e amigos torcedores do time rival me perguntam: qual a tua justificativa agora? Simplesmente, não há! 

O Inter tem uma bonita história, tem taças e contou com jogadores espetaculares. No entanto, não quero apenas ficar ouvindo os feitos colorados de pessoas mais velhas do que eu. Eu quero poder voltar a viver isso na minha geração, como a conquista do Mundial em 2006 e da Libertadores em 2010. Desde 2016, com a última conquista estadual, não voltei mais a entoar pelas ruas o grito de “é campeão”.

O Inter, assim como deixou escapar o título da Copa do Brasil dentro do Beira-Rio lotado, em 2019, perdeu a chance de ser campeão Brasileiro em 2021. Agora, pelo terceiro ano seguido, está fora de uma final de Campeonato Gaúcho. Um time como o Inter, com a história que carrega e que hoje parece estar apenas guardada no museu, não pode deixar escapar os troféus da maneira como está acontecendo. Falta coragem dos jogadores dentro de campo. Falta amor à camisa. Falta amor aos torcedores e a este clube criado em 1909. 

Na minha percepção como torcedor, analisando esses acontecimentos, como o da Copa Libertadores do ano passado, quando perdeu para o Fluminense em um jogo que tinha tudo para ser ganho pelo time gaúcho, vejo um Inter com medo de jogar partidas decisivas. Um time com medo de finais. Isso é de entristecer o torcedor, que, mesmo com as dores das derrotas, apoia o clube, vai ao estádio, compra a camiseta do ano e paga em dia a carteirinha de sócio.

O mérito da desorganização colorada, além da falta de garra dos jogadores, passa pelo técnico Eduardo Coudet, que tinha um ótimo grupo para pôr em campo, mas preferiu esperar. A direção do clube também tem culpa. E muita! 

São os jogadores que podem fazer diferente dentro das quatro linhas, a começar, entendendo que em jogos decisivos não se brinca e não se pode fazer charme, como fez o jogador Robert Renan ao tentar marcar na disputa de pênaltis um gol de cavadinha. Todo mundo sabe, e isso vale para qualquer trabalho, que quando é decisivo não se brinca nem se inventa, pois tudo pode ser perdido por bobagem, como fez o Inter. Teremos campeonatos importantes pela frente, como a Copa do Brasil, a Sul-Americana e o Brasileirão. Minha confiança em um título é pouca, pois não consigo ver ainda um time aguerrido para, de fato, disputar de verdade uma taça. Enquanto o “Colorado das glórias” estiver apenas no hino do clube, não haverá “feitos relevantes” para o torcedor comemorar.

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