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ELENOR SCHNEIDER

Olhar de professor

Todos os que estão lendo esta coluna tiveram professores na vida. E estes, desde frágeis até muito qualificados, deixaram em algum recanto da alma a semente do futuro, porque aquele que vai à escola, à universidade, a qualquer curso, em regra o faz olhando para frente, em busca de mais saber para melhor viver. Em todos os cenários, está o professor, o mediador, aquele que sabe mais e, por isso, tem a coragem e o direito de se apresentar e o dever de fazer isso muito bem.

Quantas pessoas já me ouviram dizer quer alguns não deveriam ser professores! Quem vive amargurado, queixoso contumaz, quem vê seus alunos e suas tarefas como obstáculo ou fonte de infelicidade, deve repensar sua profissão, imediatamente buscar outra praia e parar de semear frustrações ou delas se alimentar.

Quem deseja ser médico, precisa logo entender que o paciente pode surgir no meio da noite, no meio de uma tarde ensolarada, no meio de uma festa. Ser professor tem muita similaridade com isso. Precisa compreender que, mesmo ausente de seu olhar, o aluno segue vinculado a ele, confiando na sua proteção, na sua aura de porto seguro.

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No Eclesiástico, lemos que “o sol contempla todas as coisas que ilumina”. Essas coisas, por mais diferentes que sejam, não ficam fora de sua contemplação. Boa metáfora para aproximar do professor que, também como sol, contempla cada aluno, todos diferentes, diante dos quais se posta como condutor, como pedagogo, como guia nos caminhos da vida.

O bom professor se alegra com todas as conquistas de quem é ou foi seu aluno. Torce por ele em cada desafio a que se submete. Espera que frutifique para o bem a semente que cuidadosamente lançou em algum momento da vida dele. O bom professor é capaz de ler no olhar de seu aluno quando este sofre desconfortos, angústias, alguma infelicidade. Muito mais do que os conteúdos de uma disciplina, é isso que fica na memória de quem recebeu afago, acolhida e atenção.

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Ser professor demanda dedicação à leitura, ao estudo, capacidade de inventar e reinventar, de se atualizar permanentemente, permitir que a sala de aula seja um espaço para ser feliz, que ao final de cada aula algum aluno diga “que pena que acabou”. A melhor garantia de sucesso de uma lição está na cuidadosa preparação, pensando passo a passo no seu desenvolvimento. É claro que para isso precisa de tempo, o que nem sempre é compreendido por quem deveria ser o primeiro a zelar por isso.

Se, por um lado, a tarefa é exigente, árdua, por outro, proporciona uma recompensa suave, muitas vezes sem preço. Para mim, reencontrar um ex-aluno sempre me acende um pouco de saudade porque, mesmo distanciados no tempo ou no espaço, reacende-se página linda de uma história que construímos juntos. Tempos atrás, caminhando pela cidade, um homem, sentado na frente de um bar, me saudou pelo nome. Boa tarde, professor Elenor. Fora meu aluno há mais de quarenta anos, nunca mais nos encontramos, mas ele não se furtou em me dar esse presente do reencontro.

Amanhã, é o Dia do Professor, por isso quero estender minha saudação a todos que fazem dessa profissão um instrumento para construir uma sociedade melhor.

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