A falta de um plano de sucessão é um dos principais problemas de empresas familiares. Segundo o especialista em gestão de pessoas, José Antônio Freitas, cerca de 80% de seus clientes não possuía uma estrutura definida para dar continuidade aos negócios. “Quando as famílias empresariais definem programas eficazes de desenvolvimento e formação dos herdeiros, bem como regras claras de acesso a esses postos-chave da empresa, a consequência pode ser muito positiva, pela entrada de sucessores que trazem o DNA da família incrementado de uma visão de mundo mais atual”, avalia.
Entretanto, para o especialista, as novas gerações estariam empenhadas em buscar propósitos e explorar seus potenciais individuais, estejam eles relacionados aos negócios da família ou não. “Mas independentemente do jovem herdeiro vir ou não a trabalhar na empresa, ele precisa ser preparado para ser sócio e ter as competências exigidas para esse papel.”
Freitas acrescenta entre as dificuldades de empresas familiares a perda da competitividade – por falta de inovação nos produtos, nos processos e no modelo de negócio – e a inexistência de regras claras e critérios para crescimento e reconhecimento dos profissionais, o que acaba por afastar os melhores talentos e líderes. O especialista afirma que é comum relações entre parentes interferirem nas práticas empresariais. Porém, as interferências ficariam mais expostas em momentos delicados, como quando o mercado não está favorável. “É muito difícil para um pai, irmão ou mesmo primo tomar uma decisão mais dura e mais profissional com o membro da família sem que essa decisão vá para dentro de casa no fim de semana. As consequências podem ser a empresa operar abaixo do nível de eficiência necessária para ser competitiva, o que resulta em baixa rentabilidade ou perda de mercado”, comenta.
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Um dos principais problemas mencionados, a falta de plano de sucessão familiar não é dificuldade para a concessionária Spengler, que já está no mercado há 63 anos. De acordo com um dos sócios, Cláudio Spengler, há um acordo entre os proprietários que estabelece que apenas um filho de cada sócio entrará para o grupo. “O filho do meu sócio Guido (Halmenschlager) está aqui e a minha filha mais nova deve ficar no meu lugar”, conta. No entanto, além da continuidade definida, o empresário santa-cruzense ressalta a necessidade de valorizar o quadro de funcionários. “Acreditamos que o DNA da empresa é muito positivo, desde que a gente mantenha nossos colaboradores treinados e motivados.”
Profissionalização será um dos focos do debate
Gestão e Sucessão das Empresas Familiares será tema de palestra na próxima quinta-feira, às 19h30, em Santa Cruz do Sul. Em razão da grande procura, o encontro foi transferido para o Centro de Eventos do Charrua Hotel. Na oportunidade, os especialistas José Antônio Freitas e Rafael Homem de Carvalho, sócios do escritório gaúcho da multinacional Kienbaum, falarão sobre a importância de profissionalizar a gestão, distanciando laços familiares de profissionais. Também apresentarão métodos e técnicas para as empresas fortalecerem sua capacidade de lidar com situações adversas, tanto no ambiente de mercado quanto no familiar. De acordo com Freitas, a palestra será voltada a empresários e herdeiros que almejam que os negócios da família sejam rentáveis, cresçam e prosperem por um longo prazo.
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As inscrições para o evento são gratuitas, porém as vagas são limitadas. Interessados devem se manifestar pelo telefone 3715 7862 ou e-mail gazeta@gazetadosul.com.br. A palestra é uma promoção da Gazeta do Sul, com realização da Gazeta Grupo de Comunicações, Câmara Brasil-Alemanha no RS e Kienbaum.
Receita de sucesso em Santa Cruz
Ponto de parada para o lanche de quem trafega pela RSC-287, em Linha Pinheiral, a Lisaruth é um entre tantos exemplos de empresas familiares que deram certo em Santa Cruz do Sul. O estabelecimento foi aberto há 18 anos por Elisa Bertram e a mãe Ruth. As duas produziam cucas, bolachas e pães para vender em casa, mas a demanda cresceu tanto que as empreendedoras sentiram a necessidade de expandir o negócio. Desde então, segundo Elisa, já foram realizados 13 investimentos para aumentar a empresa. Hoje, além dos cinco irmãos que gerenciam o empreendimento e dos pais, há 80 colaboradores contratados.
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Para Elisa, a receita do sucesso da Lisaruth não é tão simples assim. “É preciso bom-senso da família no sentido de não medir esforços. Hoje, por exemplo, temos um irmão que está mais afastado por conta de um cargo público que assumiu, e mesmo sem estar tão presente, ele ajuda e não cogitamos afastá-lo dos negócios”, comenta. Embora a sucessão familiar ainda não seja discutida, existe uma regra para novos membros da família: “Cônjuges não podem trabalhar conosco. Eles possuem suas atividades independentes. Aqui, somos só os irmãos e os pais”, afirma.
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