Voltei da Bahia, após o lançamento nacional do novo romance As Ayabás do Rei. Cores e fragrâncias misturadas com outras primaveras que nem sei dizer…
Novembro entre nós… tic-tac… Ação incessante do Pêndulo do Relógio, o mano veio de guerra, paz, reentrâncias e saliências; que não cessa de caminhar avante e enxergar além. Tanta coisa acontece no mês de todos os santos e finados, que de extintos não têm coisa nenhuma para os que têm fé e boa memória: a qualidade de que mais necessitamos neste Brasil de tempos debochados e assustadores.
Pois é, minha gente. O Halloween trazido da América – treats or tricks – parece pautar a consciência nacional (de quem tem) face aos acontecimentos brasileiros. Tudo neste Gigante revela conchavos macabros e fétidos e muitos truques de arrepiar inocentes vampiros e ingênuas feiticeiras…
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Abundantes descalabros e cara de pau pululam no patropi, onde o decoro é palavra de tempos alfabetizados. Não fosse pela lembrança de valorosas biografias de alguns cidadãos desta pátria, que já rumaram ao Infinito, muitos de nós teríamos inveja das avestruzes… Insuportável e nauseabunda é a realidade nua e crua verde-amarela neste décimo primeiro mês de 2017. Que Deus tenha piedade de nós.
Oito de novembro é o Dia Mundial do Urbanismo. Também é considerado “Dia Feliz” em alguns países. E tomara que seja mesmo, porque precisamos tocar o carro para a Lapinha…
Falando nisso, fui ao teatro assistir à remontagem de O Rei da Vela, em São Paulo, cujo texto original é de Oswald de Andrade. O alvo eram as crises nacionais nos 1930; perfeitamente adaptáveis aos dias de hoje. A estreia foi em 1967. Contou em 2017, novamente, com os principais atores dos 1960: Renato Borghi (80) e o incrível José Celso Martinez Corrêa (80), o meu amigo Zé Celso, também mencionado em As Ayabás do Rei por uma das personagens do romance.
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Zé Celso do Brasil é um dos ícones do teatro e cultura do País, o diretor do Oficina, tombado como patrimônio cultural pela Condephat, em 1982. O mais longevo grupo teatral brasileiro, com 60 anos de existência, em 2018; desde 1984 (após incêndio) no atual prédio da Bela Vista – o Bixiga – no centro de São Paulo: projeto de Lina Bo Bardi, de 1991. Reconhecido clássico da arquitetura do País.
No dia 26 de outubro deste ano, o mesmo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico aprovou (guerra antiga) a construção de três edifícios do grupo Sílvio Santos em redor do Oficina. Isso pode assassinar a paisagem arquitetônica de Lina Bo Bardi, minha gente.
Tudo vai ao encontro do que diz outro incrível artista nacional, o escritor Monteiro Lobato: “O brasileiro é um fazedor de desertos”, cuja voz, do além-túmulo, se une à de Bo Bardi agora e a tantas outras deste lado da pátria celeste, a exemplo de Fernanda Montenegro: O OFICINA FICA!
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