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ARTE E SUPERAÇÃO

Oficina de pintura em tela revela talentos e transforma vidas

Há cerca de dez anos, ao ingressar na oficina de pintura acrílica sobre tela, ofertada pela Prefeitura de Santa Cruz do Sul e ministrada pela artista plástica Valquíria Ayres Garcia, Evandro Dure, de 50 anos, não imaginava que nascia ali um amor que levaria para a vida inteira. Foi depois de arriscar as primeiras pinceladas que o aprendiz descobriu a cura para um mal que o assombrava havia muitos anos: a depressão.

A tristeza avassaladora o invadiu quando, aos 15 anos, perdeu a mãe. Por oito longos anos, Evandro fez tratamento contra a depressão e, por indicação do psiquiatra, começou a estudar pintura. “Com as aulas e a minha fé, superei a depressão. A pintura é uma terapia para mim, hoje não faço nem mesmo uso de medicação”, conta orgulhoso. Atualmente, além de aprender a arte dos pincéis, Evandro, que tem deficiência mental e já frequentou a APAE, trabalha como auxiliar de cozinha no refeitório de uma grande indústria e está a apenas três semestres de concluir o curso superior em Administração.

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Apesar da longa caminhada como aluno no universo da pintura em tela, já tendo presenteado amigos com quadros e até vendido algumas obras para familiares, é a primeira vez que Evandro expõe os trabalhos em uma pequena mostra individual que até meados de novembro ocupa uma minigaleria no Espaço de Oficinas Culturais da Prefeitura, na Rua Fernando Abott, 533. No local, ele revela o talento por meio de oito telas que retratam em motivos abstratos a imensa paixão pela arte. “Com minha arte, gosto de mostrar minha superação, pois sou pessoa com deficiência e a professora Valquíria tem toda a paciência comigo. Quando comecei não sabia nem pintar dentro das linhas, pintava tudo fora”, conta sem rodeios.

Da turma de oficina de pintura, composta por oito alunos e com aulas sempre nas segundas-feiras à noite, Evandro é o único homem, mas isso não o intimida. Pelo contrário, sente-se acolhido e admirado. “Todos amam a minha obra, minha arte e ideias”, ressalta. Já na família, é um exemplo a ser seguido. “Eu descobri a arte e sou o artista da família”, completa.

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Quem não esconde o orgulho é a instrutora Valquíria, que acompanhou todos os passos do pupilo e por quem Evandro nutre um carinho muito especial. Ela relembra as dificuldades que o aluno enfrentou para superar as limitações impostas pela deficiência e também a força que ele precisou empregar para vencer o fantasma da depressão. “Quando ele começou na oficina, eu segurava a mão dele pra que conseguisse pintar e fazer os traços, porque ele tremia, a mão dele era muito pesada. Com o passar do tempo, ele foi ganhando mais confiança”, comenta satisfeita.

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