“Felicidade é a combinação de sorte com escolhas bem feitas.” Confesso que não conhecia a frase com a qual tomei conhecimento no último fim de semana a partir de uma crônica de Martha Medeiros.
Me considero um otimista realista, se essa definição realmente existir. Sendo ou não um neologismo, emprego o termo para resumir o fato de que procuro, sempre que possível, enxergar “o copo meio cheio” em todas as ocasiões. Isso quer dizer que me esforço para achar o lado bom, sem bancar aquele babaca piegas, do tipo que vê o mundo cor-de-rosa em tudo.
Sou um fanático pela profissão que abracei aos 16 anos. Agora, muito tempo depois, com recém-completos 63 anos, mantenho o mesmo entusiasmo desse ofício de jornalista desde as 6 horas ao despertar. Conservo a mesma curiosidade e a incansável energia na busca da verdade, tarefa complicada neste cipoal de narrativas. Termo, aliás, cunhado pela esquerda para impor a adoção do substituto daquilo que anteriormente se chamava de “versão”.
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A cada dia a mídia nos oferece múltiplos conteúdos revelando inúmeros avanços vida afora, embora isso não signifique melhorias na qualidade de vida da maioria das pessoas. Procuro me inteirar das novidades, sem alimentar paixões cegas, extremadas. As rugas ensinaram – entre tantas coisas – a necessidade de ser comedido nos julgamentos, cujos resultados, muitas vezes, o tempo modifica com rapidez.
Jamais alimentei a ilusão de ter uma vida longeva. Sim, gosto demais de viver, mas os efeitos da idade todos os dias apresentam exemplos dolorosos de senilidade, entre outras moléstias. Nos últimos dias, ouvi muitos episódios em que filhos encontram-se na mais dura encruzilhada da vida: o que fazer com os pais que perderam a consciência, apesar do bom estado físico, condenados à vida contemplativa?
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Relegar um ser humano tão querido à reclusão de um lar geriátrico, clínica ou asilo soa desumano, mas há casos que inviabilizam a manutenção da convivência familiar. Às vezes não há parentes para cuidar do idoso, noutras inexiste dinheiro para bancar a internação.
Esse impasse, permeado por avassaladoras doses de emoção, assola milhões de famílias que veem pais e mães sucumbindo à lenta falência das competências mentais. É uma cena impossível de definir em palavras. Pessoas marcadas pela energia inspiradora de grandes realizações foram consumidas por doenças silenciosas e condenadas à vida vegetativa.
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Penso, cada vez mais, no peso que poderei significar para os familiares em breve. Leio, faço palavras cruzadas todos os dias, mantenho uma rotina de exercícios físicos e tento não incomodar meus filhos. Talvez seja insuficiente, mas tentarei, até o fim, não ser um fardo para meus afetos. Tomara que dê certo!
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