A obstrução uretral em gatinhos não é um problema raro. Ela ocorre quando o fluxo de urina não consegue passar e, consequentemente, o gato não é capaz urinar ou, se consegue, é com muita dificuldade. De acordo com a veterinária, professora e mestra Sara Patron da Motta, do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Santo Ângelo (Fasa), a obstrução uretral é uma emergência urológica grave, comum em felinos e que pode ser fatal, se o fluxo urinário não for restabelecido dentro de 24 a 48 horas.
Sara explica que os machos têm maior predisposição do que as fêmeas, por possuírem a uretra peniana mais estreita. A idade de maior ocorrência é entre 2 e 6 anos, e os animais castrados são mais suscetíveis a desenvolver a doença. Entre as condições que podem causar obstrução do fluxo de urina, ela cita as neoplasias, os coágulos e a presença de urólitos e tampões/plugs uretrais, que são um acúmulo de células, cristais, debris e proteína presentes na urina.
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O diagnóstico é realizado com base no histórico, exame físico e de imagem, como ultrassonografia e radiografia. A identificação da etiologia é de suma importância para começar o tratamento e diminuir os quadros de recidiva.
Saiba mais:
- Sinais de obstrução – Quando a uretra está obstruída, a urina não passa e o gato sente desconforto e muita dor. Esses animais vão com muita frequência até a caixa sanitária, agacham como se fossem urinar, mas sem sucesso. Alguns apresentam esse comportamento também fora da caixa, tentando urinar por toda a casa. Outros podem se esconder e até lamber bastante o pênis. Em algumas situações a uretra está parcialmente obstruída e, nesses casos, o gato urina por gotejamento, com ou sem sangue. De qualquer maneira, o tutor percebe com facilidade que o animal está com real dificuldade de urinar.
- Consequências – Em poucas horas de obstrução uretral, a bexiga dos gatos fica extremamente cheia, o que gera uma série de consequências negativas e perigosas. Quando a bexiga não consegue ser esvaziada, a urina começa a subir pelos ureteres (que naturalmente levam a urina dos rins para a bexiga) e depois até os rins, causando o que se chama de hidronefrose. Os rins ficam, por consequência, com maior tamanho pelo acúmulo de urina e suas funções ficam prejudicadas. Se a obstrução não for tratada, ela poderá levar o felino à morte.
- Tratamento – Nos casos de obstrução uretral, o tratamento vem antes dos exames laboratoriais. Isso porque se trata de uma emergência, e a saúde do animal pode se agravar a cada minuto. A primeira providência a ser adotada é o esvaziamento da bexiga, que pode ser feito por punção com agulha ou através da passagem de uma sonda. Esta é feita sob sedação ou anestesia, pois o animal sente muita dor e a manipulação da uretra pode deixá-lo muito agitado. Além disso, a sedação ajuda no relaxamento da uretra. Medicamentos para dor também devem ser administrados neste momento. Após o processo de desobstrução, realiza-se a lavagem da vesícula urinária. Utilizam-se seringas estéreis e solução fisiológica morna. O médico veterinário deve continuar com esse processo até que a urina saia translúcida e sem sedimentos.
- Prevenção – Segundo a veterinária, a melhor maneira de prevenir a obstrução é proporcionar estímulos para que o animal beba mais água (água fresca em diversos locais da casa, fontes artificiais). Além disso, dar ração de boa qualidade (para gatos castrados) e mantê-lo dentro do peso ideal pode ajudar bastante. Animais que têm por hábito urinar fora da caixa sanitária devem receber atenção voltada a problemas comportamentais. Nesses casos, enriquecimento ambiental e melhora da qualidade e quantidade de caixas sanitárias podem ajudar a prevenir a obstrução.
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