Dizer que ter filhos é a melhor sensação do mundo é chover no molhado. É uma satisfação contínua com reflexos que transcendem a afetividade. Nuances da relação se alteram à medida que eles crescem. De seres frágeis, que exigem cuidados, tornam-se autônomos e independentes. Mas não abdicam de pedir conselhos, um ombro para despejar agruras rotineiras.
Não posso ver uma criança em qualquer ambiente sem puxar papo, fazer palhaçadas e caretas. Sou advertido sobre os riscos destes malucos e novos tempos em que o assédio a menores é um risco evidente, presente em quase todos os lugares. Para mim é impossível ficar alheio diante daquelas criaturinhas tão especiais.
Curti muito a infância dos meus filhos, hoje adultos jovens. Tenho saudades daquele tempo. Sinto orgulho de ter sido um pai participativo. Não é tarefa fácil. Tive inúmeros momentos de cumplicidade sadia, de parceria para jogar vôlei e futebol, jogar botão, olhar filmes repetidas vezes, ir ao estádio e a festas na escola. Eles foram fundamentais para forjar a personalidade dos meus descendentes.
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O celular e o computador não eram onipresentes como hoje. Choca-me a imagem de pais dedilhando smartphones nas praças e parques – e até em festas infantis – enquanto a gurizada corre, brinca, se diverte sozinha ou em alegres bandos. Mas a falta de participação não pode ser creditada só ao avanço da tecnologia. Pais omissos sempre existiram. Aqueles que, ao alegar cansaço e falta de tempo, repassam suas responsabilidades que são intransferíveis.
Tenho um casal de filhos com personalidades distintas em diversos aspectos, mas com características comuns no quesito afetividade. Recebo beijos e abraços ao chegar em casa ou em qualquer outro ambiente. Eles não têm vergonha de beijar o pai na frente de amigos. Isso me deixa muito orgulhoso, convicto de que conseguir ensinar algo de útil à gurizada.
Com frequência saio com os filhos individualmente para jantar. Colocamos as fofocas em dia, “lavamos a roupa suja” e esclarecemos questões pendentes. São momentos importantes, somados aos tradicionais churrascos das quartas-feiras e domingos, muitas vezes acrescidos de namorado/namorada, além de amigos. Sei o nome de quase todos, além de tomar conhecimento de detalhes sobre o trabalho e família destes amigos, o que permite uma interação importante.
Depois de um dia estafante torna-se um bálsamo chegar em casa para interagir com os filhos. Muitas vezes eles são nosso refúgio. Noutras, são eles que necessitam de um ombro para relatar suas desilusões, agruras e percalços da vida adulta. Tê-los ao lado é uma dádiva impossível de mensurar. Louvo a isto todas as noites em minhas orações, onde tenho mais a agradecer do que a pedir. Obrigado, meus filhos!
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