Existem pessoas que vêm ao mundo a passeio. Outros vêm para fazer diferença. Isso se chama empatia na prática e não apenas no discurso politicamente correto que virou moda em 2020. Por 67 anos minha amiga do coração, Jussara Jost, forjou uma biografia inigualável. No último dia 25, sexta-feira, ela nos deixou todos órfãos de humanismo, solidariedade e liderança.
Jornalista deve ser bem-informado. Por isso, mexi os pauzinhos, fiz alguns contatos e descobri que o Velhinho lá de cima precisava de alguém para organizar o céu. Dizem que o lugar estava uma bagunça com anjos desorganizados, arcanjos batendo cabeça, total falta de organização. O Senhor olhou para baixo, coçou o queixo e vislumbrou aquela alemoa durona, mas muito afetiva, e encontrou a solução.
O movimento ao longo do velório de sábado resumia a trajetória da minha amiga. As coroas, com dedicatória de diversas entidades e instituições, eram a prova da vocação pelo trabalho coletivo que culminou na presidência do Clube Aliança. Tive a alegria de participar do baile de posse. Também estive na festa de formatura do filho Guilherme Jost, oftalmologista respeitado e marido da minha afilhada Mariana, outra médica carismática. Nas duas oportunidades comprovei inequívocas manifestações de carinho a Jussara.
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Ao longo da cerimônia de despedida – repleta de manifestações de apreço –, o companheiro de 50 anos Mário Walter Jost – como todos nós – parecia não acreditar no que acontecera. A energia da Jussara parecia inesgotável, o que dificultava a compreensão de que essa fonte de determinação se calara.
A personagem que encarou e venceu tantas batalhas nos deixou. Uma doença maldita abreviou a trajetória de uma pessoa que ainda tinha muito a dar, inspirar, contribuir. O seu legado, no entanto, está eternizado nos três filhos, quatro netos, inúmeros amigos e companheiros que estiveram ao seu lado.
Muitas vezes, pessoas com talentos excepcionais parecem tão “normais” e incorporadas à nossa rotina que somente de sua partida é possível mensurar seus talentos, vocações, méritos, vitórias. Gostaria de ter conhecido a Jussara há muito mais tempo. Mas Deus – em sua inquestionável sabedoria – quis que os poucos momentos de convivência com ela fossem compensados pela intensidade onde transbordava a afetividade.
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A modernidade nos acostumou a admirar figuras incríveis, mas, distantes, personagens inatingíveis. Muitas vezes criados pelo marketing. A vida ensina que não é preciso ir longe. Basta observar o cotidiano para constatar que temos amigos cuja trajetória ficará marcada para sempre em nossos corações e almas.
Onde estiver, a Jussara está conversando com todos ao redor, beijando, abraçando, unindo e tentando ajudar.
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