A duplicação da BR–290 e as melhorias previstas para o trecho de 115,7 quilômetros entre o entroncamento com a BR-116, em Eldorado do Sul, e logo após a antiga praça de pedágio no interior de Pantano Grande, em direção a Cachoeira do Sul, começam a ser percebidas por quem passa pela rodovia ou mora dos arredores. As obras estão andando, mas a passos ainda lentos. Após os serviços ficarem parados por cerca de um ano e meio, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes no Estado (Dnit/RS) retomou em agosto do ano passado a liberação de dinheiro para as empreiteiras e, desde então, o órgão afirma que 5,17% dos trabalhos já foram executados.
Quem trafega pela rodovia, entre Eldorado e Pantano Grande, percebe a movimentação das equipes que trabalham em desmatamento, limpeza, drenagem, terraplenagem e até mesmo na construção de viadutos. As obras foram divididas em quatro lotes. O primeiro, a partir da Região Metropolitana, ainda aguarda liberação de licença ambiental para que sejam iniciados os serviços. No segundo, o que mais chama atenção são os viadutos levantados na entrada do Distrito Industrial de Arroio dos Ratos, no acesso principal ao município e no acesso ao Bairro Parque Eldorado. Já nos dois últimos lotes os trabalhos estão concentrados em terraplenagem.
Conforme o Dnit/RS, o investimento inicial é de R$ 583 milhões na duplicação de uma das principais rodovias do Estado. A BR-290 liga Porto Alegre a Uruguaiana, na Fronteira Oeste, sendo uma importante artéria para o transporte de cargas entre o Brasil, a Argentina e o Chile. Trata-se da mais volumosa obra bancada pelo governo federal em andamento na região do Vale do Rio Pardo. A ordem de início da duplicação e demais melhorias foi assinada em outubro de 2014 pela então presidente Dilma Rousseff (PT), com previsão de conclusão em 1.230 dias, ou seja, no primeiro trimestre de 2018. No entanto, o Dnit não confirma mais o prazo e diz que o término depende do orçamento disponibilizado pelo governo federal.
Publicidade
Expectativa é de geração de empregos em Pantano Grande
Enquanto os serviços são realizados, Pantano Grande – que também será beneficiado com a duplicação da BR-290 – tem a economia aquecida com a geração de empregos e renda. Segundo o prefeito Cássio Nunes Soares, a empresa responsável pelas obras do lote quatro instalou seu escritório no município e contrata trabalhadores locais para a demanda. A expectativa é de que os serviços sejam intensificados entre fevereiro e março e, para isso, novas vagas sejam abertas. A Gazeta do Sul entrou em contato com a empreiteira responsável pelo lote, a Equipav, mas a empresa não revelou o número de contratados.
Publicidade
Prefeito Cássio Nunes Soares diz que trabalhadores locais são empregados. | Foto: Lula Helfer
Com um café localizado às margens da rodovia, a empresária Laura Maria Döebber afirma que há um movimento maior desde que as obras foram retomadas. “Em novembro, intensificaram o trabalho. Pelo menos 10% da equipe contratada frequenta meu estabelecimento. O pessoal da cidade também já comentou que está alugando imóveis para trabalhadores de foram do Estado.” A comerciante acredita, no entanto, que a conclusão das obras possa prejudicar as vendas. “Estamos todos apreensivos, pois não sabemos exatamente o que deve ser feito. Mas acredito que possa perder o movimento que vem de Porto Alegre. Por outro lado, espero que ocorra aumento do fluxo de veículos no outro sentido e que isso me beneficie”, disse.
Publicidade
Empresária Laura Maria Döebber afirma que há um movimento maior. | Foto: Lula Helfer
Comerciantes reclamam de visibilidade
Embora o objetivo das obras seja trazer melhorias para motoristas e à comunidade, o viaduto construído no acesso a Arroio dos Ratos ainda nem foi concluído e já é um problema para comerciantes das redondezas. O motivo principal, conforme a empresária Regina Alves, é que ele reduz a visibilidade do seu estabelecimento, situado às margens da BR-290. Para ela, haveria soluções mais econômicas que o viaduto. “Poderiam ter feito o acesso no mesmo nível da rodovia. Estamos nos organizando para entrar com uma ação na Justiça, pedindo indenização”, contou.
Publicidade
O porto-alegrense Adalberto Vasconcelos também possui comércio na entrada de Arroio dos Ratos e concorda com os prejuízos relatados por Regina. “Chegamos a ficar sem acesso à empresa por causa das obras. Nenhum comerciante foi procurado antes de iniciarem as obras e não temos a quem recorrer.”
COMO ESTÃO AS OBRAS NO TRECHO
Publicidade
Nesta semana, a reportagem da Gazeta do Sul percorreu o trecho que recebe melhorias para saber como está o andamento das obras. Cerca de 25 máquinas estavam operando. Confira o que já foi feito em cada lote:
LOTE 2
Inicia no quilômetro 142 da rodovia, na altura do entroncamento com a ERS–401, e termina no quilômetro 172, no acesso a Butiá. Dos cinco viadutos previstos no trecho, três foram levantados: de acesso ao Bairro Parque Eldorado, cuja obra está na etapa de preparação para armar ferragens; de acesso a Arroio dos Ratos (quilômetro 151) e do distrito industrial do município, nos quais ainda é preciso colocar guarda-corpo, laje e construção de vigas transversinas nas pontas. Entre os quilômetros 151 e 160, há equipes trabalhando na terraplenagem.
Foto: Lula Helfer
LOTE 3
A extensão é de 27,03 quilômetros – do acesso a Butiá (quilômetro 172) às proximidades do trevo da BR–471, em Pantano Grande (quilômetro 199). No trecho, as obras se concentram em terraplenagem entre os quilômetros 189 e 199. No quilômetro 195, uma equipe trabalhava na drenagem (etapa que antecede a terraplenagem).
Foto: Lula Helfer
LOTE 4
Entre os quilômetros 199 (próximo ao entroncamento com a BR–471, em Pantano Grande) e 228 (próximo ao Arroio Tabatingaí, após o antigo pedágio). Nesta semana, havia frentes de trabalho entre os quilômetros 219 e 220, realizando o desmatamento e a limpeza da área, e do 221 ao 227, na terraplenagem da área.
Foto: Lula Helfer
O que prevê
Lote 1: interseção BR– 116 e BR–290 (duplicação do viaduto); rótula de acesso a Guaíba (quilômetro 112); interseção BR–290 com ERS– 401, no quilômetro 130 (viaduto sobre a BR–290); ponte sobre o Arroio Divisa (quilômetro 133); e retornos nos quilômetros 113, 116, 129, 135 e 141.
Lote 2: acesso à via municipal de Eldorado do Sul; viaduto transversal no quilômetro 144; viaduto e acesso ao Bairro Parque Eldorado (em execução); viaduto transversal no quilômetro 146 (acesso à Ufrgs); ponte sobre o Arroio Calombos (148); acesso à Mina (quilômetro 149); ponte sobre o Arroio dos Ratos (quilômetro 150); viaduto de acesso a Arroio dos Ratos (em execução); viaduto de acesso ao Distrito Industrial (em execução); retornos nos quilômetros 157 e 167; entroncamento da RSC– 470, acesso a Barão do Triunfo (quilômetro 162); acesso à Mineradora Copelmi (quilômetro 168) e acesso à Fagundes Engenharia e Mineração (quilômetro 171).
Lote 3: viaduto e acesso principal a Butiá (quilômetro 174); passagem inferior de acesso secundário a Butiá, Vila Charrua e Julieta (quilômetro 176); passagem inferior de acesso a Copelmi (quilômetro 178); passagem inferior (travessia exclusiva) de acesso à mina de carvão (quilômetro 180); passagem inferior de acesso a Minas do Leão (quilômetro 183); retornos nos quilômetros 180, 181, 185, 192, 195 e 198; passarelas no quilômetros 175, 182,3 e 182,7; ponte sobre o Arroio Taquara (quilômetro 182); e ponte sobre o Arroio Francisquinho (quilômetro 193).
Lote 4: retornos nos quilômetros 201, 205, 217, 218, 220 e 226; ponte sobre o Rio Capivari (quilômetro 207), rótula de acesso à Fundação Gaia, com retorno para os dois fluxos e novo posto da Polícia Rodoviária Federal (quilômetro 211); viaduto sobre a BR–290 e trevo completo de acesso à RSC–471; viaduto longitudinal sobre rótula (quilômetro 215); passarela (quilômetro 216); ponte sobre o Rio Tabatingaí (quilômetro 222); e acesso à Vila Batinga, retorno parcial destinado ao fluxo direito (Porto Alegre/Uruguaiana).
Confira outros registros de Lula Helfer:
This website uses cookies.