Segundo o historiador best-seller Rutger Bregman, há milênios a humanidade se comporta a partir de uma autoimagem falha. A crença de que em essência o ser humano é egoísta faz parte de uma tradição consagrada no cânone ocidental, defendida por pensadores como Agostinho, Maquiavel, Hobbes, Lutero e Burke, e endossada ainda pelas principais áreas do conhecimento e das manchetes de jornais. Mas e se o ser humano fosse, na verdade, essencialmente bom? Em “Humanidade”, lançamento pelo selo Crítica, Bregman questiona a visão pessimista sobre a espécie humana e apresenta uma série de estudos e exemplos para defender o revolucionário argumento de que a humanidade é, em essência, bastante decente e generosa.
Para explicar sua tese, Bregman retoma períodos históricos como exemplo, mostrando que em momentos de crise não é o pior que aflora no ser humano, mas sim o melhor. O autor cita o exemplo dos bombardeios durante a Segunda Guerra Mundial, que mobilizaram populações a se ajudarem enquanto suas cidades eram atacadas. É evidente que o ser humano é complexo, tendo um lado bom e ruim, mas para o historiador a questão fundamental é para qual lado nos voltamos em cada circunstância. “Meu argumento é simplesmente o seguinte: nós, quando ainda somos crianças – em uma ilha não habitada, em meio a uma guerra ou ante uma crise -, temos por natureza uma forte preferência pelo lado bom. Vou apresentar uma considerável evidência científica mostrando quanto uma visão mais positiva da natureza humana é realista. Ao mesmo tempo, estou convencido de que essa visão seria mais realista se começássemos a acreditar nela”, conta no primeiro capítulo.
Ao longo do livro, o historiador retoma debates filosóficos, apresenta estudos científicos e teorias da psicologia para mostrar que a percepção que os seres humanos possuem de si tem enormes implicações nas relações sociais, inclusive na democracia. Acreditar no melhor da natureza humana é fundamental para que a sociedade verdadeiramente mude. Para ilustrar, o autor conta um episódio que aconteceu no Brasil em 1989, de como confiar na autonomia de uma população foi eficaz para uma construção democrática legítima: em dos maiores movimentos do séc. XXI, a cidade de Porto Alegre, Rio de Grande do Sul, implementou um orçamento participativo, confiando um quarto da renda à população. Passada uma década, a ideia já tinha sido copiada por mais de cem cidades no Brasil e se disseminado pelo mundo.
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Considerado o “novo Sapiens”, a obra é um convite para o leitor que deseja voltar no tempo e mergulhar em uma nova versão da história da humanidade. Best-seller em países como EUA, Inglaterra e Alemanha, onde foi um dos livros mais vendidos de 2020, “Humanidade: uma história do homem” promete revolucionar a percepção sobre o comportamento humano, com nuances que contribuirão para o enfrentamento dos maiores desafios da atualidade – desde a crise climática até a nossa desconfiança cada vez maior uns dos outros.
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