Apesar do peso de segmentos econômicos tradicionais, sobretudo a cadeia produtiva do tabaco, o Vale do Rio Pardo está bem posicionado no que toca ao estímulo à inovação. A avaliação é da nova secretária estadual de Inovação, Ciência e Tecnologia, Simone Stülp – que, por sinal, conhece profundamente a região, já que viveu boa parte da vida em Santa Cruz do Sul.
Natural de Encantado, Simone se mudou para Santa Cruz, terra da família paterna, aos 3 anos. Permaneceu na cidade até os 17, quando foi estudar Química Industrial na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Até hoje, porém, a mãe, irmãos e sobrinhos vivem aqui, o que faz com que as vindas sejam frequentes.
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Após cursar mestrado e doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), na área de Engenharia de Materiais, iniciou uma trajetória como professora em 2000 na Universidade do Vale do Taquari (Univates), em Lajeado, onde chegou a ser pró-reitora. No ano passado, foi convidada para ser secretária-adjunta no Estado. Já no fim do ano, acabou chamada pelo governador Eduardo Leite (PSDB) para assumir o comando da pasta.
Em entrevista nessa quinta-feira, 5, à Gazeta do Sul e à Rádio Gazeta, Simone disse que a região, no que toca à inovação e incentivo ao setor de tecnologia, que já representa 2,9% do PIB nacional, está “no caminho certo”. Como exemplo disso, cita o Parque Científico e Tecnológico Regional da Unisc (TecnoUnisc) e o complexo Gauten, recém-inaugurado pela Prefeitura no Distrito Industrial. “Não erro em dizer que o Vale do Rio Pardo se destaca”, afirmou.
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A secretária, no entanto, reconheceu os entraves para o desenvolvimento do setor, sobretudo a carência de mão de obra. Uma estimativa divulgada no ano passado pela Associação das Empresas de Tecnologia da Informação dos Vales do Rio Pardo e Taquari (Ativales) apontou falta de entre 200 e 300 profissionais só em Santa Cruz. Conforme ela, é preciso investir não apenas em formação superior, mas em educação básica. Outro ponto fundamental, de acordo com Simone, é a formação de professores.
Entrevista – Simone Stülp, secretária estadual de Inovação, Ciência e Tecnologia
- Como a senhora avalia que Santa Cruz e região estão posicionados em termos de inovação?
Se fizermos uma leitura hoje das regiões do Estado no campo de inovação, não erro em dizer que o Vale do Rio Pardo se destaca com projetos muito interessantes, principalmente na aproximação e convergência de diferentes atores extremamente importantes para esse processo: o poder público municipal, as universidades, com um destaque grande para a Unisc, a sociedade civil organizada e as empresas. Um dos pontos que vêm chamando a atenção é o TecnoUnisc, onde há empresas de todo o Vale e muitas delas ligadas ao campo da tecnologia. No ano passado, participei do lançamento do Converge Santa Cruz, um movimento pela inovação da cidade. Mais recentemente, estive também na inauguração do Gauten, que é o complexo de inovação, uma iniciativa da Prefeitura e que mostra o quanto a cidade está conectada. O Gauten, inclusive, está instalado em um local extremamente simbólico. O Distrito Industrial de Santa Cruz sempre foi um exemplo e hoje começa a se movimentar para um distrito de inovação.
- Um dos principais problemas do setor de tecnologia é a falta de mão de obra. Como reverter?
As regiões do mundo que conseguiram se atualizar e se conectar com as demandas do século 21 são onde havia um maior número de cérebros presentes. Então, temos que nos preocupar com isso, sim. Acredito que um programa estadual que se volte para essa questão pode nos dar uma solução, desde que esteja casado com o que cada região precisa. Muito desse diagnóstico já foi feito. O que estamos falando é uma conexão da área de inovação, ciência e tecnologia com a educação. E não falo apenas em bancos universitários, temos que conectar cada vez mais a nossa educação básica, ensino fundamental e médio, com as tendências mundiais. Além disso, sabemos que, a falta de professores é um problema no Estado e vai aumentar nos próximos anos. Nesse sentido, estamos construindo um programa para, junto com as universidades, formar professores. E, claro, isso passa também pela valorização da profissão e atualização das escolas. É um problema complexo, mas já existem desenhos bem interessantes.
- E hoje temos muitos profissionais que vivem aqui e trabalham para empresas de fora, enquanto as empresas locais têm vagas abertas…
Exatamente. E isso só foi agravado com a pandemia, quando aprendemos a trabalhar de forma online, e só tende a aumentar. Por isso precisamos, da forma mais urgente possível, aumentar a densidade de pessoas preparadas. Porque aí continuaremos a ter pessoas trabalhando para o mundo, mas também teremos e atrairemos pessoas para cá. Se conseguirmos ampliar o número de empresas e vagas qualificadas, atrairemos pessoas.
- No que a senhora acredita que a região deve se concentrar a partir de agora para fomentar a inovação?
Acredito que a região efetivamente está no caminho certo. Podemos olhar e nos orgulhar. Mas não chegamos no final do caminho. O meu ponto é fortalecer cada vez mais a governança desse ecossistema de inovação. É muito importante que tenhamos novos hubs, novos programas, novos parques, mas todos precisam estar azeitados entre si. É preciso uma conversa conjunta para que possamos ter saltos. É ter uma forte governança que permita que todas essas ações conversem para não duplicar esforços e para que cada um não puxe para um lado.
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