Em abril deste ano, o Ministério da Saúde divulgou o primeiro Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa) de 2019. Segundo o documento, 994 municípios brasileiros (quase 20% dos municípios existentes) apresentaram alto índice de infestação, com risco de surto de doenças como dengue, zika e chikungunya. Em maio, foi noticiado que um vírus até então inédito na região Sudeste, o mayaro – também transmitido por mosquitos e que provoca dor de cabeça, febre, manchas avermelhadas, entre outros sintomas –, está circulando nos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro.
A proteção contra esses mosquitos é fundamental no dia-a-dia dos brasileiros, e para isso, é muito importante a utilização de repelentes, especialmente nos locais em que há circulação de mosquitos transmissores. Existem os repelentes industrializados de uso tópico (ou seja, aplicados diretamente na pele), que podem ser encontrados nas farmácias. Também há as opções de repelentes ambientais, que são posicionados em locais estratégicos da casa. E ainda há quem faça preparações caseiras de aplicação tópica, cujas receitas são facilmente encontradas na internet, e que devem ser evitadas. “Para maior segurança, as pessoas só devem usar repelentes de uso tópico ou ambientais devidamente aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)”, alerta a Dra. Maria Inês Harris, do Instituto Harris, especializado em avaliação de segurança na área cosmética.
Para saber se o repelente ou inseticida é registrado na ANVISA, ele deve ter em seu rótulo o número de registro. A especialista em segurança afirma que as crianças e gestantes possuem maior sensibilidade e devem ser preferencialmente expostas a repelentes que tenham sido desenvolvidos especialmente para elas. “Nem todos os repelentes, mesmo os registrados, são considerados seguros para gestantes. Os ativos IR3535 e Icaridina são considerados seguros para uso por gestantes, lactantes e crianças, mas o DEET, por outro lado, não é considerado seguro para ser aplicado em crianças ou durante a gestação ou amamentação”.
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A Dra. Harris ressalta ainda o perigo de formulações caseiras: “A cânfora, por exemplo, utilizada em diversos repelentes caseiros, é absorvida rapidamente pelas mucosas e trato gastrointestinal. Nas gestantes, ela pode atravessar a barreira placentária e ser encontrada posteriormente no leite materno. Como é uma substância que, além de poder apresentar toxicidade renal, é um estimulante do sistema nervoso central, a exposição durante a gestação não é aconselhada”, adverte. Além disso, ela observa que ao usar um produto caseiro, não existe qualquer garantia de segurança, nem órgão ao qual recorrer em casos de surgimento de efeitos adversos. “Além da toxicidade, quando expostos ao sol, alguns componentes como óleos essenciais podem causar queimaduras na pele”, ressalta.
A concentração dos ingredientes na formulação faz diferença na hora de definir se um cosmético é seguro. As dosagens de componentes e cálculos para formulação das substâncias são determinantes para que uma composição seja, ou não, tóxica. Componentes geralmente conhecidos como “não tóxicos” e comuns podem causar danos, se utilizados em doses inadequadas. Já alguns considerados nocivos, em dosagem adequada, podem ser seguros.
“Igualmente essencial é lembrar que gestantes e crianças são especialmente vulneráveis às doenças transmitidas por insetos, de forma que a proteção e prevenção às picadas é fundamental. Não se deve esquecer que há também a possibilidade do uso de dispositivos eletrônicos com ultrassom para auxiliar a repelir os insetos”, completa a Dra. Harris.
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