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O trabalho na colônia (final)

As galinhas, criadas soltas no pátio, comiam de tudo. A certa hora do dia, todas eram atraídas para perto da casa e tratadas com milho. À noite, se recolhiam para os poleiros, especialmente construídos, para não serem vítimas dos predadores, as raposas. 

Aquelas galinhas, que seriam abatidas para consumo próprio, ficavam presas num cercado e tratadas somente com milho. Permaneciam algumas semanas assim, para limpar a carne das impurezas que consumiam no pátio. 

Toda colona caprichosa mantinha uma horta sortida pertinho da casa. Cultivava de tudo. Um pouquinho antes das refeições, era só colher a verdura que necessitasse para acompanhar. A horta era o cartão de visitas da propriedade.

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A mãe também costurava com aquelas velhas máquinas movidas com a força dos pés, como aprendera com sua mãe. Fazia roupas novas ou reformava as usadas pelos filhos mais velhos, e que seriam utilizadas pelos mais novos. Um passava para o outro. Para ir à roça, roupas bem velhas e cheias de remendos nos fundilhos e nos joelhos.

Outra incumbência das mulheres era a feitura de compotas de doces para sobremesa (figo, ameixa, pêssego, pera) e conservas, principalmente os pepinos.

Também faziam a schmier caseira, usada para passar no pão. Quando a noite se aproximava, a mãe preparava a janta, enquanto o pai e os filhos tratavam os animais e concluíam as últimas lidas do dia. As filhas ordenhavam as vacas, uma vez de manhã e outra antes da noite.

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O banho, no inverno, consistia numa meia sola no tanque, cuja água vinha da cacimba ou de algum córrego num local mais alto da propriedade, e que corria através de um cano puxado até a casa, sem nenhuma pressão, mas que quebrava o galho. Tiravam o suor do dia, lavavam os pés, as axilas e os braços. 

No inverno, banho completo mesmo, somente aos sábados. A mãe preparava a água quente, misturava com a fria e enchia um latão com um chuveirinho improvisado. Não poderia demorar, pois a água terminava logo. Não havia sabonete. Era usado o sabão feito em casa ou, no máximo, sabão de coco, comprado na venda. Este era usado para lavar o cabelo.

Depois da janta, pelas 21 horas, todos para a cama, que no outro dia teriam que levantar cedinho, ordenhar as vacas e tratar os animais.

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Certa vez, numa reunião, Dom Alberto Etges, nosso saudoso primeiro bispo, lamentou que a eletrificação rural estivesse entrando a passos largos na colônia. Alguém retrucou e disse a ele que isso era bom, que o colono teria luz elétrica, refrigerador, motor para a bomba do poço e assim por diante. 

Dom Alberto então falou: “É, mas junto vêm as parabólicas e a televisão, e isto é ruim. A cultura da colônia será alterada, os costumes serão influenciados pelas novelas cariocas, as músicas não serão mais as mesmas e as vocações religiosas irão diminuir muito!”. 
Que visão de futuro tinha o nosso bispo!

Nos dias de hoje, não vejo mais essa inocência do homem do interior. Infelizmente, todos aculturados pelas redes de televisão. As bibocas estão repletas de parabólicas. Não se faz mais colono como antigamente! Dom Alberto tinha razão.

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Naiara Silveira

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.

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Naiara Silveira

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