Quando apareceram os primeiros textos do Aidir, nas edições de sábado da Gazeta do Sul, logo decretei: daqui para frente, não posso perder nenhuma dessas narrativas. E não perdi mesmo. O estilo me agrada. Não precisa enfeitar o texto citando os maiores e mais complexos pensadores para validar a escritura, ser lido e, o mais importante, ser compreendido. Ao mesmo tempo em que o autor nos faz sobrevoar os espaços enfocados, somos levados a aterrissar e penetrar os meandros das culturas com as quais vai se deparando e nos levando juntos para conhecê-las.

Aidir nasceu com braços e pernas, mas se diferencia de muitos: também nasceu com asas. Poucas pessoas devem ter tido a experiência que viveu e vive ao visitar mais de cem países por este mundo de Deus. E, para a nossa felicidade, não guardou para si as experiências vividas, resolveu compartilhá-las com milhares de leitores, que o buscam com o maior prazer. Sua incursão nas variadas culturas que conheceu não é a da turma de excursão que, mal pisa no espaço a ser visitado, já precisa correr para não se perder da caravana.

O leitor se depara com textos fundamentados. Se a origem está numa distante Idade Média, ou mesmo nos tempos remotos de uma região e de uma nação, somos rapidamente contextualizados e passamos a entender na raiz a alma do povo visitado: suas crenças, seus ritos, seus templos, sua educação, seus governos ou desgovernos, seu desenvolvimento ou mesmo as razões profundas de seu subdesenvolvimento. Mostra o fausto, a riqueza, mas mostra também a fome, a miséria e a dor.

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Seu primeiro livro – Mar incógnito – já nos permitiu uma excelente excursão pelo mundo. Este segundo – Embarque imediato – amplia o mapa e somos conduzidos por mão segura a conhecer mais, a nos informar mais, a nos enriquecer mais. E é através da leitura que também percorremos esses espaços, tornando-nos companheiros das jornadas fascinantes que o autor nos proporciona. Quando o livro entra em nossas casas, é como se um pedaço do mundo viesse com ele e conosco fizesse morada.

Alguns temas batem forte nas observações do autor. Várias vezes refere a escravidão como uma página deplorável que por séculos se estabeleceu como uma prática inquestionável em tantos países. Ao visitar a Croácia, por exemplo, informa que o país aboliu a escravatura em 1416, por considerá-la uma “prática errada, vergonhosa e repugnante”.

Visita museus, bibliotecas, teatros, igrejas, templos, cemitérios, observa sistemas educacionais e políticos, não lhe escapam as grandes desigualdades sociais que ainda persistem em tantos países, mesmo estando estes assentados sobre minas de riquezas. Com frequência, despontam preocupações ambientais, mostrando países sem o menor respeito pela preservação da natureza, ou seja, da vida. Aprecio demais a visão crítica e humanista que perpassa a maioria dos seus textos, sempre em defesa da liberdade, da justiça e da democracia.

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A obra a ser lançada é um presente material, mas, acima de tudo, um repouso para a alma, um convite ao silêncio e à reflexão, que tanto vêm sendo atropelados em todos os espaços do tempo presente. É um giro pela paisagem, mas também uma visita a questões que nem sempre fazem bem aos nossos olhos, e que, no entanto, não podemos ignorar. A vida fica melhor quando aprendemos a conviver com a riqueza e o encantamento do rico e variado painel de cores que a natureza nos oferece.

Lançamento é no próximo sábado

O santa-cruzense Aidir Parizzi Júnior, radicado no Reino Unido, lançará no próximo sábado, 17, a partir das 9h30, na Livraria e Cafeteria Iluminura, em Santa Cruz do Sul, o seu segundo livro, Embarque imediato. A exemplo de sua obra de estreia, Mar incógnito, o volume sai pela editora BesouroBox, de Porto Alegre, e estará à venda no local a R$ 64,90. Aidir dá continuidade a seus relatos inspirados em suas viagens, ao longo dos anos, para mais de uma centena de países. Suas reflexões os leitores da Gazeta do Sul podem acompanhar nas páginas do Magazine, na sessão Pelo Mundo. Aidir estará presente ao lançamento, que também terá sessão de autógrafos.

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