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CONTRAPONTO

O temor que ronda

Na edição de 8 de março, destaquei aspectos da obra literária do médico e pesquisador francês Michel Desmurget, A fábrica de cretinos digitais – Por que, pela primeira vez, filhos têm QI inferior ao dos pais, que trata dos efeitos danosos da superexposição digital das crianças e dos adolescentes.

Na mesma coluna, também sugeri a leitura do livro Foco roubado – Por que você não consegue prestar atenção e como pensar profundamente de novo, do escritor inglês Johann Hari.

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Em comum, tais obras abordam uma série de aspectos negativos e preocupantes que resultaram da dependência físico-emocional na utilização dos meios digitais e no acesso e participação exagerada nas/das redes sociais.

Haja vista que o tema – dependência e saúde mental das crianças e adolescentes – vem despertando crescentes preocupações de pais, professores e médicos, especialmente, também sugiro, hoje, a leitura de dois recentes artigos, subscritos por dois renomados pensadores.

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O colunista dominical de Zero Hora (Caderno Saúde), o médico-cirurgião J.J. Camargo, diretor da Santa Casa de Porto Alegre e membro da Academia Nacional de Medicina, escreveu um instigante artigo sob o título “O argumento é uma arma poderosa”. Edição de 18 de março.

Subtítulo do texto: “Menos palavras e menos verbos conjugados significam menor capacidade de processar um pensamento”. Trata da importância e da qualidade da linguagem.

Preocupado com sua evidente decadência (da linguagem), Camargo observa “que os nossos jovens se tornaram exímios digitadores de símbolos e abreviaturas, e perderam, com poucas exceções, a capacidade de redigir um texto que exprima emoção”.

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Fernando Schuler, cientista político e colunista da Revista Veja, sob o titulo “Onde o Mundo Piorou”, edição de 18 de março, como introdução faz uma retrospectiva do desenvolvimentto humano nos últimos cem anos, destacando indicadores positivos como saúde e longevidade, economia e progresso tecnológico.

Porém, na sequência, aponta um aspecto sombrio: o declínio da saúde mental dos adolescentes. E passa a discorrer sobre o tema, identificando estudos médicos e psicológicos, todos relacionados, consequentemente, ao mundo digital e às redes sociais.

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Ao encerrar, Schuler afirma: “Com o excesso de ruído e de sombras na caverna digital contemporânea, com a abundância de palavras, imagens e ideias que por vezes no agridem, mas que podemos compreender como uma imensa riqueza a nosso dispor, ou como um campo minado, um mundo sujo e hostil, do qual precisamos nos proteger e com o qual nada temos a aprender!”

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