Há sensações que são sonos, que ocupam como uma névoa toda a extensão do espírito, que não deixam pensar, que não deixam agir, que não deixam claramente ser.
Como se não tivéssemos dormido, sobrevive em nós qualquer coisa de sonho, e há um torpor do sol do dia a aquecer a superfície estagnada dos sentidos.
São trechos da obra O livro do desassossego, do dramaturgo português Fernando Pessoa (1988-1935).
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Em algum momento, tod
O tédio pode causar cansaço, exaustão, esgotamento físico e mental. Sensações e humores que ensejam uma perda de sentido e significação da razão de ser da pessoa.
Repetindo Fernando Pessoa, seria: é o sofrer sem sofrimento, querer sem vontade e pensar sem raciocínio.
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Mas um povo, uma coletividade, uma nação, pode sentir-se entediada? No caso brasileiro, tudo indica que sim. Explico.
Nas últimas décadas, principalmente, sucedem e alternam-se fatos deprimentes e frustrantes. Socialmente ameaçadores e preocupantes. O povo está entediado com tantos escândalos, falta de respeito e discórdia social, notadamente semeados por autoridades.
Não à toa, há uma notória dificuldade de realizar tarefas e prospera um sentimento de fracasso. Nossa relação com a realidade é de frustração.
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No livro Filosofia do tédio, o filósofo norueguês Lars Svendsen (1950) afirma: o tédio viceja quando não temos nenhuma ideia do que queremos fazer, quando perdemos a capacidade de nos orientar na vida.
É generalizada a sensação ruim de que a vida passou a ser desinteressante e desestimulante. Mas há algo pior. O tédio pode levar a atitudes impulsivas e excessivas, que não servem para nada e podem causar danos!
Nada de novo no STF
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Prevalecerá um argumento do filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900), quando disse que “os fatos não existem, mas, sim, a interpretação dos fatos”.
Ou então, como diria o escritor, dramaturgo e jornalista Nelson Rodrigues (1912-1980), como reza a lenda: “Se os fatos são contra mim, pior para os fatos!”.
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