Categories: Romar Beling

O tamanhinho do problemão

Organismos, empresas e pessoas gastam fortunas nos dias atuais em sistemas de tecnologia. Os fabricantes buscam nos “vender” a ideia de que assim estamos seguros, protegidos, ágeis, conectados e eficientes. Mas será mesmo? Será que essa é uma verdade efetiva ou, ao contrário, uma grande falácia, um engodo?

O Valor Econômico do fim de semana replicou conteúdo originalmente produzido para o Financial Times, de São Francisco, nos Estados Unidos, que põe em xeque, de maneira grave, a suposta invulnerabilidade e a segurança que cercam nossa tecnologia mais básica. A matéria é assinada pelos jornalistas Richard Waters e Hannah Kuchler, e pode ser acessada com facilidade na internet. Denuncia falha em chips fabricados nos últimos dez anos, e que, pasmem!, abre brecha para ataques de rackers a computadores de todos os países do mundo. Vale repetir: TODOS os países.

Ficam suscetíveis tanto computadores quanto servidores ou smartphones. “Não é um problema de um fornecedor”, disse Steve Smith, da Intel. “É da abordagem geral dos projetos.” Em outros termos: o lapso basicamente não tem conserto, pois todos os chips de todos os computadores teriam de ser corrigidos individualmente.

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Nem foram as fabricantes que detectaram a falha. Foi um analista de sistema do Google, em junho. Ele achou a “fissura” que permite a hackers ver informações altamente delicadas dos usuários, como senhas e chaves de criptografia, permitindo acesso a comunicações codificadas. A falha seria comum no projeto de chips das marcas Intel, AMD e ARM, que dominam quase que integralmente o mercado. Diante disso, passa a surpreender não que ataques cibernéticos ocorram, mas sim que eles ainda não estejam ocorrendo em maior escala. 

Especialistas reconheceram abertamente a questão, e confirmam que as fabricantes se movem como baratas tontas tentando solucionar o impasse. A suposta vulnerabilidade teria surgido quando, há uma década, a fim de aumentar a velocidade nos sistemas de computação, foram introduzidas alterações drásticas nos chips. Para torná-los mais rápidos, permitiu-se que programas rodando em um computador tenham acesso a dados contidos na memória do sistema operacional da máquina antes de realmente precisar deles. Em suma: como em quase tudo nessa vida, no que ficou mais rápida, a tecnologia se tornou vulnerável. Eis uma regra que talvez já seja da Idade da Pedra, e que é sumariamente ignorada no nosso deslumbrado mundinho navegando à velocidade da luz.

De acordo com analistas, a única forma realmente segura de remover a vulnerabilidade é substituir todos os equipamentos. Bem, e se há defeito gravíssimo que coloca o planeta inteiro em polvorosa, onde exatamente fica a responsabilidade dos fabricantes? Ou é tudo um brinquedinho que acumula bilhões de dólares em algumas mãos e põe a humanidade inteira à mercê de ameaças? Talvez a gente até devesse não querer mais brincar disso e passar a se ocupar de coisas mais sérias, seguras e confiáveis.

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