O sonho lúcido de uma roteirista

Quem nunca acordou de um sonho pensando que era real? Ou, depois de um pesadelo, despertou suando, com a aflição de quem saiu de um cenário totalmente verossímil em seu inconsciente? Há também aqueles enredos provocativos, que parecem dar respostas a dilemas do cotidiano, ou mesmo os que fazem pensar: que loucura foi essa? A linha tênue que pode haver entre a experiência onírica e a realidade vivida por cada um está exposta em Lúcida, websérie criada pela atriz santa-cruzense Joana Kannenberg.

Em três episódios, de cerca de dez minutos cada um, a personagem principal, Lúcia (interpretada por Joana), traz inquietações que se ambientam nos dois universos simultaneamente. Os pesadelos que a perturbam também guiam a protagonista a compreender suas próprias verdades. “É uma personagem que fica muito em silêncio. A gente vai entendendo aos poucos a melancolia do que ela está passando, dessa perturbação mental. A série se dá dentro da cabeça da Lúcia”, resume.

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Para colocar no papel a vontade de roteirizar no audiovisual, Joana fez diversos cursos e usou da experiência no grupo de pesquisa em dramaturgia Brecha, do qual participa desde 2015, quando chegou ao Rio de Janeiro. Em 2020, surgiu a ideia de encabeçar o projeto.

A temática dos sonhos acompanha a jovem desde a formação em Teatro pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). No trabalho final de conclusão de curso, ela optou por estudar como os sonhos podem ser usados na criação de cenas. O interesse pelo assunto cresceu e as pesquisas se intensificaram, até que a ideia amadureceu durante a pandemia. A atriz conta que, além de falar sobre sonhos, também quis abordar outros assuntos que considera importantes, “como a autonomia do corpo da mulher, as decisões em relação à maternidade e como esta expectativa de gênero se manifesta através dos sonhos e dos pensamentos, das próprias contradições de ser uma mulher no mundo de hoje em dia”.

Para escrever a série, foi necessário um ano, e sete tratamentos do texto. O set principal das gravações foi a própria casa da roteirista, no Bairro Laranjeiras. A estreia na escrita para o audiovisual já lhe rendeu a indicação ao prêmio de melhor roteiro do Rio Webfest, maior festival internacional de webséries. Além disso, a produção concorre nas categorias de melhor série brasileira, melhor série dramática, melhor atriz de drama, melhor direção e melhor edição. Feliz pelas indicações, Joana participará do evento, que ocorre entre 24 e 27 deste mês, no Rio de Janeiro, e tem fé de que Lúcida possa ser premiada pelos jurados em alguma categoria.

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A carreira da atriz santa-cruzense

Joana Kannenberg, que tem 29 anos, começou a atuar ainda na infância, em peças no Colégio Mauá. Formou-se em Teatro pela Ufrgs, em 2015, mesmo ano em que se mudou para o Rio de Janeiro. Também em 2015 integrou o elenco da novela Malhação: Seu Lugar no Mundo, com a personagem Dani. A santa-cruzense ainda atuou em Necrópolis (2018), série de humor que esteve por três anos no catálogo da Netflix, e no longa Pedro Sob a Cama (2016). Em 2018 atuou no longa-metragem Santo Graal e em 2020 estreou a microssérie Língua, produzida pelo Brecha, e Cajamanga, em que interpretou Sara, no episódio Manhã Seguinte.

Onde assistir

A série Lúcida está disponível em três episódios no canal LABo no YouTube. O link que direciona para a produção também está disponível na bio da conta no Instagram da atriz
e roteirista, em @joanakannenberg, ou em @brecha.labo.

Ficha técnica de Lúcida

Criada por: Joana Kannenberg
Elenco: Joana Kannenberg,
Lorena da Silva, Patrick Sampaio,
Júlia Portes, Gabriel Abreu,
Jana Torres e Ester Dias
Direção: Gabriela Poester
Direção de fotografia: Fernanda Catunda
Assistente de câmera: Caroline Goes
Roteiro: Joana Kannenberg
Colaboração de roteiro: Gabriela Poester e Patrick Sampaio
Preparação de elenco: Patrick Sampaio
Produção dE SET: Katerina Amsler
Figurino: Paloma Borges
Still: Bruno Mello
Direção de arte: Dafne Nass
Montagem: Clara Moraes e Fernanda Catunda
Colorização: Fernanda Catunda
Produção executiva: Joana Kannenberg e Fernanda Catunda
Operação do drone: Caroline Goes
Figuração: Gabriela Poester, Fernanda Catunda, Dafne Nass e Martino Piccinini
Catering: Maristella Sodré chef
Som direto: Pedro Farias
Trilha sonora: Pedro Sodré e Rudah Maciel Guedes
Edição e Mixagem de som: Frederico Santiago
Design de cartaz: Leo Lage

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