Com as margens dos trilhos de trem lotadas de gente, a majestosa Mallet 204 rompeu a escuridão na Estação Ramiz Galvão, na noite deste domingo, 1, para fazer o feliz Natal antecipado dos rio-pardenses. A locomotiva, fabricada em 1950, estacionou pela segunda vez na região, trazendo o espírito natalino carregado de saudade e nostalgia. Famílias inteiras foram até o ponto de parada para conferir essa que pode ser tida como uma volta ao passado.
Às 20h55, cinco minutos antes do combinado, o apito da locomotiva rompeu o silêncio e a luz da Maria Fumaça foi recebida com aplausos. A aposentada Sônia Batu reviveu um filme. Filha de maquinista, ela se emociona ao ver o trem de volta a Ramiz Galvão. “É uma lembrança muito bonita, de um tempo em que éramos muito felizes. Emoção define este momento.”
Acompanhada dos colegas cantores do Grupo Seresta, dona Sônia canta para receber o trem, que dá carona ao Papai Noel. “São músicas que falam do Natal, das coisas boas. Este é um momento bom, que torna a nossa comemoração muito mais especial”, destaca a rio-pardense.
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Em uma parceria entre a Rumo, que é a concessionária que administra as ferrovias do Rio Grande do Sul, e a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), que foi quem reformou a Maria Fumaça, o projeto Natal dos Trilhos trouxe a locomotiva iluminada para a região.
A primeira parada ocorreu durante a tarde de domingo, no município de Cachoeira do Sul. Em Rio Pardo, foram duas estações visitadas. A primeira, na Higino Leitão, no Centro, e a segunda, no bairro que guarda toda a memória da ferrovia na região, o Bairro Ramiz Galvão.
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A locomotiva decorada irá percorrer mais de 30 municípios no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A programação do projeto contempla passagens de trens iluminados e espetáculos artísticos em cinco estados brasileiros.
O desenvolvimento de Ramiz veio com o trem
O professor de computação Luis Felipe Santos Silveira é morador de Ramiz Galvão, bairro criado para receber o trem nos áureos tempos do transporte ferroviário. Ele, que é estudante de História, conhece os benefícios que esse tipo de transporte trouxe para Rio Pardo.
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Segundo ele, na época em que o trem de passageiros cruzava pela estação, todo o desenvolvimento do bairro foi criado para atender às necessidades dos operadores e usuários.
“A estação ferroviária foi o palco de amores e do comércio. Os peixes e os famosos sonhos de Rio Pardo eram os produtos mais fortes naquela época. Eram pratos reconhecidos pelo sabor e pelo preço, pois eram comercializados com valor mais baixo do que no vagão-restaurante do trem”, explicou.
Para Silveira, é triste ver o local parado. “Hoje a estação é apenas um monumento do que foi o progresso e a evolução de toda a região”, comentou. Neste domingo, ele observou atento a máquina iluminada encher de luz a noite escura de Ramiz Galvão.
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“Estávamos ansiosos pela chegada desse trem, que é daquela época e rodava nas estradas de ferro da região. A volta dele tem um outro significado para nós, e nos deixa muito felizes de estarmos aqui nesta noite.”
O professor, um dos cerca de 5 mil moradores do bairro dos ferroviários de Rio Pardo, fica feliz em ver os trilhos ocupados. “Esse é um retorno ao passado que nos deixa com a vontade de querer trazer o trem de volta às nossas estradas de ferro. Esse é o meu sonho.”
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