Motivação é o que não falta para o massoterapeuta Alcemar Lemos dos Santos, que treina diariamente em companhia da esposa ou de amigos. No fim do ano ele quer um espacinho no meio de milhares de pessoas para estar na corrida de rua mais tradicional do Brasil, a de São Silvestre. Mas, para isso, a preparação está intensa e teve início há cerca de dois anos.
Quem já o viu correndo pela cidade, talvez não conheça sua trajetória. Hoje com 46 anos de idade, 24 deles divididos com a esposa Roselei da Cruz, guarda consigo uma marca triste e que necessitou ser transformada, dando lugar à superação.
Natural de Sobradinho, Alcemar nasceu com alto grau de miopia, mas este não era impeditivo para enxergar. Contudo, nas reviravoltas da vida, aos 28 anos de idade o profissional autônomo teve um descolamento de retina, após sofrer um acidente de automóvel e levar uma pancada na cabeça.
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A partir daquele dia, 19 de julho de 2004, o que era colorido se tornou escuridão. Segundo ele, a miopia foi um agravante junto com a contusão. “Foram feitas sete cirurgias, mas não tive êxito. Hoje sou deficiente visual total, não vejo sinais de nada, nem de vultos ou luz. No início, assim como outras situações complicadas, não foi fácil, mas tive a sorte de reagir com mais facilidade por encontrar amigos, pessoas dispostas a dar um auxílio”, lembra.
Conforme Alcemar, o primeiro ano após o acidente foi muito difícil. “Posso dizer que foi terrível. Mas, no ano seguinte consegui encontrar auxílio em escolas especializadas em Porto Alegre, onde fiz alguns cursos. O primeiro deles foi de Orientação e Mobilidade, para aprender a andar sozinho com a bengala e, no momento em que aprendi a andar sozinho, fui evoluindo, as conquistas foram vindo com muita força e dedicação”, salienta.
Alcemar retornou para os estudos na vida adulta, já com a perda da visão, realizando o Ensino de Jovens e Adultos (EJA), quando concluiu o ensino fundamental e médio. Após, realizou cursos na área de Massoterapia, tanto em instituição no Rio Grande do Sul, como buscou aperfeiçoamento em São Paulo e Rio de Janeiro. Em grande maioria, viagens feitas sozinho, acompanhado de sua bengala.
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Já o esporte ingressou de forma efetiva na vida de Alcemar no ano de 2010, quando passou a dedicar-se à musculação e, tempo depois, obteve premiações na modalidade supino. “Antes jogava futebol, mas não era com frequência, e não tinha aptidão ainda. Já para a corrida a inspiração surgiu no final de 2020. Desde então tenho focado nesta modalidade esportiva”, ressalta Alcemar. Mesmo em meio a pandemia, já foram duas vezes participando da Rústica Cidade de Sobradinho promovida pela Gazeta e parceiros, sendo que em ambas as provas esteve ao lado do guia Felipe Setti. Na última edição, a esposa Roselei também correu junto, incentivada por ele.
Neste ano de 2022, Alcemar está participando do Circuito Sesc de Corridas, em provas em Caxias do Sul, Uruguaiana, Rio Grande, Pontão e Lajeado, e no último fim de semana, participou da 37ª Maratona Internacional de Porto Alegre, em meio a quase 15 mil pessoas. Nesta última prova, percorreu 21 quilômetros em um tempo de 2h15min. O treino havia sido para 8,5 quilômetros, mas após um imprevisto na inscrição, viu este como uma oportunidade e se dedicou a quase o triplo do trajeto projetado inicialmente. E deu certo. “A prova foi tranquila. Um friozão, mas corri de touca, de luvas, bem agasalhado e consegui concluir neste tempo. Foi um tempo razoável, mas, para mim, que nunca tinha feito 21km em provas oficiais, então foi de boa 2h15min. Cheguei bem. Tinha condições para mais 5km (risos)”, destaca.
Alcemar representa a si e ao município em corridas de rua e recentemente esteve em visita à Prefeitura de Sobradinho, onde mostrou as medalhas por ele conquistadas em diversas competições. Seu objetivo atual é participar da Corrida de São Silvestre, em São Paulo, no último dia de 2022. O incentivo vem da família e amigos. “Comecei a postar meus treinos nas redes sociais e os amigos passaram a me incentivar. No ano passado ainda não me sentia preparado para a São Silvestre, mas esse ano, com estas minhas participações em outras corridas e também o acompanhamento de um professor de Educação Física, o qual treina também, diante disso é que me inspirei e estou me sentindo preparado”, enfatiza.
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Segundo ele, são seis dias de treino na semana, entre academia e treino de corrida na rua. Um reforço a mais pensando no objetivo que pretende alcançar daqui a pouco mais de seis meses. Para contribuir com esta realização, a comercialização de uma rifa está em andamento (disponível na Gazeta Sobradinho e com Alcemar) e duas empresas já se mostraram dispostas a contribuir com patrocínio. “Até lá vou continuar treinando e participando das etapas do Circuito Sesc. De repente ainda surge convite de alguma rústica de algum município, na medida do possível, também participamos. Vamos nos dedicar ao máximo, treinar e treinar – eu e minha esposa, que deverá ser minha guia na São Silvestre”, finaliza.
“Dificuldade sempre vai existir, mas com força e dedicação acredito que a gente supera com mais facilidade, mas não é fácil. Obstáculos sempre vão existir, mas tem que ser perseverante, não se pode desistir”
Alcemar Lemos dos Santos
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