Nessa quarta-feira, 3, os familiares das 242 mortos em Santa Maria em janeiro de 2013 reviveram, mais uma vez, a tragédia que abalou o País. É que a 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça gaúcho decidiu pela anulação do júri dos quatro réus responsabilizados pelo incêndio da Boate Kiss, que, agora, aguardam por um novo julgamento.
As defesas dos réus apontaram nulidades no júri, como a fala sobre o silêncio dos acusados e o fato do Ministério Público (MP) ter consultado quem eram os jurados. Por dois votos a um, os recursos foram acolhidos. Familiares e vítimas da tragédia na cidade de Santa Maria acompanharam o julgamento e, também, realizaram protesto em frente ao TJ-RS.
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O psicólogo Gabriel Rovadoschi Barros, presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), em entrevista à Rádio Gazeta FM 107,9, na tarde desta quinta-feira, 4, destacou que o sentimento imediato foi de extrema frustração. “Nós revivemos essa situação todos os dias, faz parte da nossa rotina conviver com essa dor. E no julgamento os fatos foram expostos intensamente e comprovaram a responsabilidade dos réus na causa da tragédia”.
Segundo o presidente da AVTSM, o próximo passo é recorrer da decisão para que sejam mantidas as condenações. “Contamos com a possibilidade de recorrer à decisão e buscar esse recursos. Nem pensamos em novo julgamento”.
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Em dezembro de 2021, após júri popular com duração de 10 dias, o sócio da Kiss Elissandro Callegaro Spohr foi condenado a pena de 22 anos e 6 meses; o outro sócio Mauro Londero Hoffmann a 19 anos e 6 meses; o vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, a 18 anos; e o produtor de palco Luciano Bonilha Leão a 18 anos. Todos foram acusados pelo Ministério Público por 242 homicídios e 636 tentativas de homicídio por dolo eventual.
Além de presidente da associação, Gabriel também é um dos sobreviventes da tragédia em Santa Maria. Ele relembrou que durante todos os anos que antecederam o júri os familiares conviveram diariamente com a dor e com o sofrimento por não haver respostas, além do sentimento de impunidade. “Minha vida nunca mais foi a mesma, não tem como voltar a ser o que fui antes”.
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Como representante da luta por justiça pelas vítimas, ele espera que haja punição aos culpados e acredita que o papel da Justiça legitima que a dor de todos os familiares é real. “A nossa luta abrange a Kiss e a sociedade como um todo. Não queremos que isso aconteça com ninguém nunca mais. Esse é o nosso compromisso”.
O Ministério Público do Rio Grande do Sul enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) nessa quarta-feira, 3, uma petição pela manutenção das prisões dos condenados pelo incêndio da Boate Kiss.
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