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O sabor do próprio veneno

Silvio Almeida. É o nome do terremoto que abalou o atual governo Lula III. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, denunciou por abuso sexual seu colega e ministro dos Direitos Humanos e Cidadania.

Como o absurdo ocorreu entre membros da mesma corrente, autodeclarada progressista e de esquerda, que tem em seu ideário o antirracismo, a antimisoginia e anti-homofobia etc., de imediato adveio um mal-estar no governo. Repentinamente, e como um dilúvio, proliferaram os fatos.

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Incensado pela sua tese do racismo estrutural, Silvio Almeida angariou prestígio político e se cacifou como líder na defesa dos direitos humanos e na luta contra o racismo. Embora acusado e exonerado, alguns o defendem e o salvaguardam.

Concomitantemente, criticam a decisão de Anielle. Possivelmente, menos por dó de Silvio e mais por comprometer seu próprio governo e abastecer a oposição, indiretamente. Ainda que sob a retórica de não pré-julgamento e condenação, Anielle não teria agido com cuidado. Desprotegera o governo.

Inaugurado o escândalo, agravaram-se as circunstâncias do fato com várias revelações femininas de antecedentes comportamentais negativos do próprio Sílvio. Em síntese, que seu comportamento inadequado e ofensivo não era novidade. Não à toa, Lula não esperou e “sacrificou” Silvio, ainda que ele tenha alegado inocência e ser vítima de racismo e “manobras palacianas”.

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Em resumo, fica uma lição. Ainda que alguns sejam bem-intencionados militantes no movimento identitário, regra geral, não há garantias nas suas aferições e prognósticos acusatórios.
Ou seja, em muitos casos prevaleceria uma motivação ideológica.

Porém, esquecem que pode haver efeito contrário. Na sua família. Na sua turma. No seu governo. Afinal, o mais santo dos humanos pode abrir “as portas do inferno”, contradizendo na prática sua teoria e seu ideário.

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A rigor não deveria haver surpresas. O que aconteceu era prevísivel. São crimes humanitários. Infelizmente, a condição e a natureza humana se sobrepoem às narrativas e às idealizadas construções político-ideológicas. Humanos e frágeis que todos somos, alternamos ações e pensamentos entre sadios e insanos!

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Astor Wartchow

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Astor Wartchow

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