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O sabor da simplicidade

Viver a Páscoa em família, a base de tudo, e renovar a vida com os familiares é uma dádiva. Aos 65 anos, com saúde em dia, com a primeira dose da vacina já tomada na defesa contra o mal do momento, com a vida plena em meio ao trabalho, aos colegas, às pessoas que encontro nas caminhadas de cada dia, foi marcante constatar neste dia pascal cheio de tantos significados que o que vale mesmo são as coisas mais simples.

Temos nos preocupado às vezes demais com o mais moderno que somos levados a conquistar, com o que mais precisamos fazer para nos destacar e diferenciar, com o que nos falta para sermos felizes. Isso tudo quando não nos damos conta de que é em coisas simples que podemos encontrar o que tanto buscamos, que é em situações e experiências singelas que achamos sentido e sabor que nos preenchem.

Pois em meio a tantas gostosuras e pratos que preparamos para esse dia especial, não é que um dos itens mais simples de todos é o que cala fundo na memória gustativa, que recebe a preferência na hora de decidir sobre o que mais nos atrai. Diante de tantos produtos que vêm em cestos e presentes, e outros que são preparados para a ocasião, o que mais é apreciado acaba sendo aquele amendoinzinho açucarado colocado em cascas de ovos coloridos, já quase deixados de lado, esquecidos, mas que, além da beleza genuína, guardam um sabor inigualável, que não sai da memória e preenche todos os sentidos, desde os sensoriais e gustativos até, e em especial, os afetivos, lembrando da mão carinhosa da mãe e da infância simples, mas inesquecível.

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Pois em meio a tantos agitos, reclamos e atritos, a cerimônia religiosa simples e possível neste tempo de tantas restrições trouxe o conforto espiritual tão necessário a nossas almas aflitas, com a mensagem entusiasmada e poderosa do pregador, o acalento das vozes do grupo de canto, a celebração da fé que é fundamental na vida que precisamos renovar sempre, para fazer sentido, mesmo porque sem acreditar em algo fica difícil seguir.

Pois quando se fala em canto, é bom que ainda possamos presenciar na televisão um espaço para vozes da experiência, que nos enchem a alma e, quanto mais simples e autênticas, mais nos emocionam e permitem associar ao domingo de Páscoa um sentimento de vida plena, onde a música boa não pode faltar, para dar vazão aos sentidos mais apurados, que provocam as melhores sensações e nos enchem de íntima alegria e trazem a paz tão desejada.

Assim, em meio a tantas desesperanças, descrenças, sofrimentos e dias difíceis, creio que voltar a valorizar as coisas simples e importantes na vida de cada um, no ambiente em que vivemos, é uma atitude que precisa ser reforçada, que pode fazer a diferença no dia a dia e trazer o sabor que satisfaz. Afinal, por que complicar se podemos simplificar para chegar ao resultado que tanto almejamos?

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