Quem nunca ouviu falar de alguma bet ou não viu comercial de alguma empresa do segmento, principalmente na televisão? A enxurrada de propagandas das bets é enorme: na televisão, em outdoors, em placas nos estádios, nos uniformes de times de futebol.

Talvez algumas pessoas não se tenham dado conta do que significa a palavra bet, tão insistentemente repetida, sozinha ou com algum complemento. Na verdade, bet é uma palavra mais bonitinha, adotada do inglês, e que significa “aposta”. De acordo com o Google, “no contexto de jogos de azar refere-se a uma aposta feita em relação ao resultado incerto de um evento como esportes e jogos de cassino, entre outros”; no popular, uma casa de apostas.

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Nos últimos anos, no Brasil, o número de sites e plataformas de apostas em operação aumentou significativamente. De acordo com um levantamento da Price Waterhouse Coopers Strategy, em 2020 havia 51 empresas atuando no setor; no primeiro trimestre deste ano, já são 308. Tal crescimento impressionante parece que se deve ao apetite do mercado por esse tipo de entretenimento, ou seria o contrário, o maior número de empresas de aposta a despertar o desejo de arriscar a sorte, adormecido no íntimo de cada brasileiro? 

O crescente número de empresas que se dedicam aos jogos de apostas online parece que se justifica pela demanda com a explosão dos valores apostados. Durante o ano de 2022, eram R$ 2,5 bilhões, e, segundo um estudo do Banco Itaú, divulgado no dia 13 deste mês, de julho de 2023 a junho de 2024, os apostadores brasileiros destinaram R$ 68,2 bilhões para sites de apostas e outros jogos de sorte. Dessa montanha de dinheiro, R$ 44,3 bilhões voltaram em forma de prêmios. Alguém pode achar que o valor que retorna em prêmios é alto, mas, na prática, significa que os brasileiros perderam R$ 23,9 bilhões, ou seja, de cada R$ 3 apostados, o brasileiro perdeu R$ 1.

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As apostas online englobam uma variedade de jogos que vão desde apostas esportivas até jogos de cassino, como caça-níqueis e roleta. Esse mercado tem se expandido rapidamente, aproveitando a crescente popularidade e acessibilidade dos dispositivos móveis e da internet de alta velocidade. 

Entre as pessoas que gostam ou costumam jogar, em apostas online, no tigrinho, nos cassinos virtuais ou físicos ou em qualquer outro tipo de aposta, foram identificados três perfis principais:

  • As que vivem num mundo perfeito: tem dinheiro para alimentar-se bem, estar vestido na moda, andar com bom carro, frequentar restaurantes, viajar e que acessam os jogos online para se divertir, enquanto pedem alguma comida por delivery;
  • As que vivem com o dinheiro contado e precisam optar entre consumir até alguma coisa mais básica, como comida, ou fazer alguma aposta online;
  • As que tem tendência ao vício do jogo que podem ser tanto as que vivem num mundo perfeito, quanto as que sobrevivem apertadas financeiramente.

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Mesmo quem entra nesses jogos online só para se divertir, vai achar emocionante sentir o gosto de ganhar. O problema começa quando a pessoa perde e ela dobra a aposta com a esperança ou até a certeza de que vai recuperar o dinheiro perdido, o que geralmente não acontece. É neste momento que os cassinos online tornam-se mais perigosos porque ninguém está vendo, nem as pessoas à volta, que alguém, dentro de sua casa, pode estar se endividando porque recorre a empréstimos para se manter financeiramente, inclusive para sustentar seu vício. 

O mesmo estudo do Itaú, citado anteriormente, não identificou redução no comércio varejista que poderia ser causada pela utilização do dinheiro em jogos online o que, obviamente, parece estranho porque as pessoas não tiveram aumento de ganhos tão extraordinários que lhes permitissem sobras de dinheiro para gastar com serviços recreativos, sem diminuir ou até sacrificar o consumo de itens de maior necessidade. 

A propósito, estudo da USP identificou que, no Brasil, já existem mais de dois milhões de pessoas viciadas em jogos online. Não querendo ser alarmista, mas como o Brasil já ostenta altos índices de pessoas endividadas, a proliferação de bets e as facilidades de acesso podem transformar, num futuro não muito distante, o que já está ruim numa situação pior. É urgente que as pessoas procurem educar seu comportamento financeiro para evitar os malefícios que os jogos online podem provocar na área financeira, social, profissional e familiar.

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Guilherme Andriolo

Nascido em 2005 em Santa Cruz do Sul, ingressou como estagiário no Portal Gaz logo no primeiro semestre de faculdade e desde então auxilia na produção de conteúdos multimídia.

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